sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sem Medo da Crise

ABIP – Associação Brasileira da Indústria de Panificação – lança programa de televisão, anuncia parceria com setor de mandioca e prevê crescimento de 5% sobre a inflação de 2009

É evidente que temos de respeitar a crise. Ela existe e é mundial. No entanto, o setor de panificação passa por uma excelente fase porque se preparou muito e bem ao longo dos últimos oito anos, ao longo desta década, para um crescimento muito forte. Tanto que, para os próximos dois anos – 2009 e 2010 –, tínhamos expectativa de um crescimento em torno de 10% acima da inflação. Além do aumento no consumo de pão em torno de 15% a 20%, para fecharmos a década com aproximadamente 40 quilos per capita. Estávamos com tudo isso pronto, mas com a crise os planos mudam um pouco. Contudo, acreditamos no crescimento do nosso setor entre 3% a 5% acima da inflação, um crescimento real para 2009.
A ABIP tem vários projetos importantes para 2009. Um deles é o Empreendedor, um programa de televisão a ser lançado para todo o Brasil, em canal aberto ainda em negociação e também num canal a cabo. Neste programa, com 30 minutos de duração, que será transmitido aos domingos, às 9h30, destacaremos assuntos de interesse do dono da padaria e seu consumidor. Vamos explorar desde entrevistas com grandes personalidades, ministros de estado, líderes empresariais e, sobretudo, padarias que são cases de sucesso. Queremos mostrar porque determinadas padarias fazem tanto sucesso, qual o pulo do gato daquele panificador, para que sirva de exemplo a panificadores de todo o Brasil.
Contaremos com o patrocínio do SENAI nacional e do SEBRAE, que também terão um espaço institucional. Acreditamos que com esse projeto chegaremos a todas as 63 mil padarias existentes no Brasil, porque a ABIP constatou muita dificuldade para levar informação às padarias mais distantes. Queremos chegar às padarias do interior da região Norte, no interior da região Centro-Oeste, no interior do Nordeste. Essas padarias precisam ter informação. Temos observado hoje uma elite de padarias no Brasil. Cerca de 25% são empresas com super faturamento, com super rentabilidade, mas em contrapartida existem muitas padarias pequenas e micros, nas periferias, nos interiores dos estados com dificuldades de gestão, dificuldade de informação e muitas vezes nem associadas às entidades regionais, como sindicatos e associações.
Com o programa de televisão pretendemos levar informação para esse pequeno empresário distante dos grandes centros. O Brasil é um país com dimensão continental, de costumes diferentes e por isso temos que levar informação, sobretudo aos pequenos empresários, para que eles possam enxergar casos de sucesso e tirá-los como exemplo, mudando a gestão do negócio e passando a ter mais resultados e mais dinheiro. Esse é o nosso foco maior a ser atingido em 2009. Levar informação para as pequenas padarias dos interiores de todo o Brasil.
Temos muitos pontos que devem ser focados em prol do crescimento da panificação brasileira. Vemos que as padarias que fizeram o Propan estão se tornando verdadeiras empresas de gestão, negócios bem estruturados, com fundamentos de administração organizados. Temos visto também que as padarias que investem em produção própria, conseguem uma maior rentabilidade e melhorias. Pelo menos 50% do faturamento de uma padaria tem que vir de uma produção própria. Se 50% do faturamento não for de produtos que ela produz, começa a ter problemas de rentabilidade. Então, temos focado na produção própria incentivando o café da manhã, o almoço, lanches à tarde e assim a padarias estão se tornando verdadeiros restaurantes self service. As padarias estão criando momentos de consumo de pizza. Temos visto que as padarias que estão trabalhando nessa linha estão muito bem sucedidas e a Abip tem incentivado a diversificação. Quanto mais fabricarmos, quanto mais produtos frescos de fabricação própria tivermos, mais fácil fica trazer o cliente para dentro da loja e assim tirá-lo do supermercado que, digamos, é o nosso maior concorrente.
A padaria é de utilidade pública para a comunidade. As padarias têm um case muito interessante, porque elas são as lojas de conveniência do Brasil. Quem faz a conveniência do brasileiro são as padarias. Até existem as lojas de conveniência nos postos de gasolina, mas que funcionam timidamente. Já a padaria abre de domingo a domingo, das 6 da manhã às 10 da noite. Por isso que incentivamos também a diversidade do mix de produtos, para atender cada vez mais clientes. Tem que se focar na produção própria, mas cada padaria precisa identificar o mix para aquela comunidade.
A modernização hoje é fato inerente de odos os setores. É necessário modernizar, informatizar, adotar modelos de gestão apro-priados. Não existe mais espaço, não só na padaria, mas em nenhum tipo de negócio, para amadorismo. Os negócios são cada vez mais profissionais. Em qualquer tipo de negócio não se pode existir sem a modernização. Não é só no nosso setor, mas essa é a pauta da década.
Outra iniciativa da ABIP para 2009 é o lançamento do Pão Brasileirinho. É um projeto no qual iremos incentivar o consumo de fécula de mandioca. Tempos atrás até tivemos problemas com o setor da fécula de mandioca, quando através de uma lei eles queriam obrigar a utilização da fécula da mandioca na farinha de trigo. Era um verdadeiro absurdo e somos contra, no entanto somos favoráveis à criação de um tipo de pão, específico, tipicamente brasileiro. Um pão que o governo promova algum incentivo fiscal e indique para as concorrências públicas. Somos favoráveis à criação desse pão e o desenvolvimento, consequentemente, do setor da agricultura e dos plantadores de mandioca do Brasil.
É inteligente a união das cadeias produtivas. O SEBRAE tem feito com muita propriedade, com apoio do governo, experiências neste sentido. Não queremos obrigar ninguém a utilizar algum tipo de matéria-prima, mas cabem parcerias inteligentes para o desenvolvimento conjunto dos setores.
Tivemos uma experiência muito interessante, há dois anos, com o SEBRAE e os apicultores. Na época incentivamos a utilização do mel de abelha em itens de confeitaria. Era a criação de receitas substituindo o açúcar pelo mel. Resultou em produtos maravilhosos, e com isso desenvolvemos muito a apicultura brasileira. Agora é a vez da mandioca com o projeto chamado Pão Brasileiro.
Independentemente de crises, o ano começa com otimismo e com muita responsabilidade. Temos a consciência de que este é um ano de crise. Ano passado tivemos um ano de instabilidade inicial com a questão do fornecimento do trigo. Foram algumas dificuldades, mas este ano o setor está preparado, com musculatura suficiente para encarar os desafios de 2009.
O ano marca também o final do meu primeiro mandato na ABIP. Na realidade o mandato se encerra em julho e o balanço cabe à panificação brasileira, aos panificadores, sindicatos e associações filiadas a ABIP. Para mim foi um imenso prazer e uma grande honra liderar esse setor de 63 mil empresários, que tanto desenvolve o Brasil, e que tanto ajuda no crescimento nacional.

Fonte: Revista PADARIA 2000 - Nº 116

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