quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Comércio justo

Preocupação e respeito pelas pessoas e pelo ambiente onde elas estão inseridas, colocando o ser humano acima do lucro. A rentabilidade será sempre uma conseqüência do relacionamento e de um clima organizacional favorável. Nenhuma empresa ou organização tem o direito de depredar seus parceiros comerciais, que na verdade, são agentes de lucros, não apenas fornecedores. Um processo contínuo de relação comercial produtivo para ambas as partes exige regras claras e confiáveis.

A criação de meios e oportunidades para os fornecedores melhorarem suas condições de produção, tecnologia e de qualidade de vida para seus colaboradores, através da negociação de preços justos que possibilitem a geração de empregos e renda. Fornecedores e varejo devem ter como meta criar e manter um mercado sadio e ativo. A prosperidade regional deve sempre nortear os objetivos de negociação dos contratos de fornecimento entre as indústrias e o mercado varejista.

Acima dos contratos e das condições vantajosas unilaterais devem estar às pessoas, a continuidade da indústria, o meio-ambiente e o desenvolvimento regional. Mercado ativo representa a alimentação de um sistema auto-sustentado capaz de gerar consumo permanente. São essas as condições básicas para haver maiores esperanças no coração das pessoas, que passam a se sentirem estimuladas a produzir mais, porque vislumbram a chamada segurança econômica.

O conceito de preço justo pressupõe a negociação de um valor que permita remunerar a indústria e o varejo, para que ambos possam prestar um bom serviço ao consumidor, estabelecendo laços mais duradouros. Quando apenas uma das partes ganha, surge a figura do predador que impõe condições desumanas que acabam por destruir o mercado e as condições sócio-econômicas e ambientais. Cada transação dessa forma, em vez oxigenar, sufoca o desenvolvimento regional. Gera um clima de insegurança na população. Destrói a auto-estima dos empreendedores. Inibe investimentos.

Além de preços remuneradores, negociações bilaterais dentro de princípios mínimos de respeito ao ser humano, o comércio justo pressupõe também a prática da ética e da transparência ao longo de todos os pontos da relação de parceria. Informações claras nos demais procedimentos depois de concretizada a operação de fornecimento, como entrega abastecimento, logística, controles, até o efetivo recebimento da fatura correspondente a cada negócio, a fim de evitar a geração de atritos desagradáveis que desgastam a relação comercial e tiram a eficiência da indústria.



Fair Trade, ou Comércio Justo, ganha cada vez maior importância no mundo todo e já tem até federação responsável pela disseminação do conceito, em plena atividade desde 2001. Trata-se da IFAT – International Federation of Alternative Trade. Na comunidade econômica européia funciona outra entidade fortíssima que adota esses princípios para disciplinar o relacionamento comercial entre grandes lojas e pequenos fornecedores, a EFTA - European Fair Trade Association.

Originalmente, a idéia surgiu com o objetivo de proteger produtores de mercadorias alternativas em geral, sem acesso a canais de escoamento da produção. Mas, à medida que conseguia bons resultados, o trabalho foi ganhando espaço e hoje abrange desde prestadores de serviços para a Nike até manufaturados industriais para grandes supermercados dos Estados Unidos.

Qualquer setor ou região do planeta onde houver relações desiguais, gigantes se prevalecendo da fragilidade de pequenos (fabricantes ou prestadores de serviços), podem ser evocados os direitos internacionais do Fair Trade, ou do Comércio Justo, que tem apoio de diversos organismos mundiais. A base de tudo esta no diálogo franco, na abertura de negociação para os pequenos e a valorização da região onde as pessoas vivem, trabalham e consomem.

Apesar da globalização, há um sentimento das pessoas em dar extraordinário valor às coisas da cidade onde moram. Os supermercados e as lojas que romperem com essa tradição estão ferindo esse sentimento regional preservado com carinho pelos consumidores. Criar barreiras para os produtos locais e impedir o crescimento das marcas regionais significa promover o aniquilamento do mercado onde atuam. Significa desestabilizar a economia regional. Impedir o acesso ao emprego. Desrespeitar as preferências, os anseios e os sonhos dos cidadãos.



* Texto cedido gentilmente por Moacir Moura, que é palestrante, escritor, consultor de varejo especialista em gestão e motivação de pessoas. Telefone (41) 3023-6811

E-mail: moacirmoura@terra.com.br ou Blog: www.moacirmoura.blogspot.com

Fonte:Padaria Moderna

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