sábado, 19 de fevereiro de 2011

Faltam 6 mil padeiros em Minas


Publicação: 03/02/2011 06:29

Marinella Castro

Padarias de todo o país estão em busca de padeiros e confeiteiros, profissionais que, nos últimos anos, sumiram do mercado sem acompanhar os avanços das empresas da panificação que, em 2010, cresceu 13,7%, faturando R$ 56,3 bilhões. No ano passado, foram abertas em todo o país 50 mil postos de trabalho no setor, mas apenas 50% da demanda foi preenchida. Segundo a Associação Brasileira da Indústria da Panificação (Abip), responsável pelo levantamento do total de vagas em aberto, cerca de 20 mil estão à espera dos profissionais que realmente colocam a mão na massa. Em Minas Gerais, a estimativa é que a demanda reprimida do setor chegue a 6 mil postos de trabalho.

Profissionais prontos para fabricar pães especiais, produtos artesanais, bolos e biscoitos valem ouro e têm pressionado os salários . Há 10 anos, a remuneração não costumava ultrapassar o salário mínimo. Hoje, em Minas Gerais, o salário inicial é de R$ 1 mil, podendo chegar a R$ 3 mil. Profissionais com alta qualificação na produção de bolos finos e pães, que seguem receitas internacionais, são disputados por supermercados e padarias e chegam a ganhar de R$ 4 mil a R$ 5 mil ao mês.

O gargalo da mão de obra vem da falta de qualificação. A formação não acompanhou a transformação do negócio. Hoje, o bom e tradicional paõzinho francês se tornou apenas chamariz para uma infinidade de produtos em padarias sofisticadas. “O setor passou por um boom de crescimento e não houve trabalho para a formação da mão de obra, o que está sendo feito agora”, diz o presidente da Abip, Alexandre Pereira. Empresário do segmento, ele precisou importar profissionais de BH para preencher vagas em Fortaleza.

No ano passado, a panificação gerou 758 mil empregos diretos e 1,8 milhão de indiretos, 50 mil a mais do que em 2009. Em Minas Gerais, são 170 mil empregos diretos, sendo 56 mil vagas para padeiros e confeiteiros. A estratégia utilizada pelos empresários tem sido investir nos jovens que buscam o primeiro emprego para transformá-los em padeiros. Ainda assim, o desafio é grande.

O presidente do Sindicato da Indústria do Pão em Minas Gerais, Luiz Carlos Caio Carneiro, explica que foram abertas 100 vagas no ano passado para curso de formação e qualificação realizado pela Associação Mineira da Indústria da Panificação (Amipão), que reúne a associação e o sindicato do setor, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), mas somente 24% das vagas foram preenchidas. “O curso é gratuito, com a oferta de bolsa de R$ 300, mais vale-transporte. Ainda assim, é difícil preencher as vagas.”

O gerente de produção Fabrício de Oliveira começou na padaria Gran Vitória, na Região Centro-Sul de BH, e fazia serviços gerais. Com cursos de qualificação, se tornou ajudante de padeiro. Daí, para o cargo de padeiro/confeiteiro foi um pulo. Hoje, é gerente de produção. “Faço gerenciamento da fabricação, manipulação, melhoramento e criação de novas receitas”, diz ele, que ganha cinco vezes mais que no início da profissão.

Amipão
. Associação Mineira da Indústria da Panificação
. Avenida do Contorno, 4610 - Bairro Funcionários
. Telefone: (31) 3282-7559
. Informações: www.amipao.com.br

Fonte: Estado de Minas

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