terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Profissionalização nas empresas

(*) Miguel Abdo

No momento em que o Brasil se torna um dos destinos preferidos dos investidores estrangeiros, em especial o segmento de médias empresas, mais do que nunca, o dilema da profissionalização aparece com muita força. O investidor busca essencialmente empresas que tenham um bom potencial de crescimento e que estejam em setores importantes da economia. O nível de transparência e as boas praticas de gestão corporativas também são levados em consideração na hora de investir, já que, geralmente, o investidor estrangeiro é avesso a risco. Adotar boas práticas está diretamente ligado à capacidade de crescimento sustentado e à própria perenidade do negócio. Ou seja, é uma questão de sobrevivência e crescimento.

Principalmente em empresas familiares, a necessidade de profissionalização de gestão é evidente. Estima-se que apenas 15% das empresas familiares sobrevivem à terceira geração. Na maioria dos casos, o desaparecimento está ligado diretamente a conflitos entre os familiares e a ausência de uma profissionalização da gestão. A história mostra uma série de exemplos de empresas familiares de médio porte que não adotaram boas práticas de gestão - ou não sofreram um processo de profissionalização - e acabaram desaparecendo mesmo antes de se tornarem realmente grandes.

Há exemplos de empresas familiares dos mais diversos segmentos que não conseguirem crescer o suficiente e nem ao menos sobreviver ao longo do tempo. Rede Zacharias, Casa Jose Silva, BRA, G Aronson, Arapuã, Casa Albano, Casa Pekelman são alguns casos bem conhecidos. Apesar da particularidade de cada um, podemos afirmar que todas estas empresas sucumbiram principalmente por falta de gestão adequada e também pela incapacidade de seus fundadores de abandonarem o velho estilo de gestão que os sustentou ao longo do tempo.

Algumas medidas simples podem ajudar a evitar este tipo de cenário. Considerando especificamente as empresas de gestão familiar, planejar a sucessão com antecedência, criar um conselho com integrantes externos e definir, inclusive, um ‘acordo de família’ são pontos que podem garantir a sobrevivência da companhia.

Por outro lado, há uma série de exemplos de empresas familiares que souberam profissionalizar a companhia e adotaram boas práticas corporativas. Entre elas, podemos citar cases como Pão de Açúcar, Odebrecht, Camargo Correa e Gerdau. Assim como o grupo de empresas citado anteriormente, todas também são familiares, porém cresceram e prosperaram basicamente modernizando os seus processos e permanecendo atualizadas por meio da adoção de boas práticas de gestão corporativas.

A probabilidade de uma empresa de porte médio crescer, se desenvolver e perenizar sem a adoção de praticas de gestão é extremamente baixa. Ainda mais com a globalização, a ascensão chinesa e a informatização da receita federal – que impede qualquer tipo de alteração de dados fiscais -, o crescimento de uma companhia, a atratividade para possíveis investidores e o ganho de competitividade estão diretamente ligados à gestão. E, para ser eficiente, a gestão precisa ser profissional.

*Miguel Abdo é diretor da Naxentia, graduado em engenharia mecânica, possui especialização em General Management (Kellogg University), MBA pela Ibmec e extensão em Marketing na ESPM.Especialista em crescimento acelerado, antes de ingressar na Naxentia, foi diretor da Promon, Toshiba, DBA e United Technologies.

Fonte: Padaria Moderna

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