Por Fátima Souza - Da Redação em 24/12/2010
Fotos: Fátima Souza
Que sabor tem o sucesso? No pequeno vilarejo Mina Brejuí, em Currais Novos, ao lado das montanhas de rejeitos da mineração de sheelita, cuja exploração tornou a localidade a maior produtora do minério da América Latina na década de 60, surgiu a história de sucesso do sonhador e persistente Fábio Jammes Monteiro, de 35 anos.
Filho da “Terra da Sheelita”, Fábio investiu na vida militar onde pretendia seguir carreira. Após 6 anos, em 2000, se deu a reforma ministerial que unificou as três pastas militares num único ministério, o da Defesa, dispensando milhares de militares, um era ele. “Queria seguir carreira no exército, como não foi possível, tive que me virá”, disse.
O primeiro projeto foi junto com os irmãos e o pai, montar uma padaria na cidade potiguar de Parnamirim, onde fica a guarnição a qual servia. Não deu certo. “Não entendia nada de padaria, muitas vezes ficamos reféns de padeiros que sentia que nós não entendíamos do assunto. Daí, resolvi aprender, mas já era tarde, a padaria foi a falência”.
A pedido de familiares, Fábio resolveu voltar para sua terra natal, mais precisamente para a Mina Brejuí. “Em 15 de novembro de 2002 chegamos aqui, de mala e cuia”, lembra Kelly Kênia, esposa e fiel escudeira de Fábio.
O início não foi fácil, mas a experiência que tinha adquirido na primeira padaria, e um pouco do estoque de farinha, margarina e alguns equipamentos manuais ajudaram a começar um negócio novo: A Panificadora e Loja de Conveniência Mão na Massa. “Chegamos com 10 sacos de farinha e 10 baldes de margarina, comprados fiados porque eu não tinha crédito no comercio local, ninguém me conhecia, mas a minha intenção era fazer pão pra a vizinhança, só para sobreviver”, disse Fábio.
O nome do novo empreendimento veio de um livro de receita. “Nós estávamos procurando um nome para a empresa e quando eu vi em um livro de receita “Mão na Massa”, não poderia ser outro, porque literalmente nós colocamos muita mão na massa, pra essa estarmos aqui hoje”, disse Kelly.
Religioso, o casal disse nunca perder a fé, e com muita força de vontade viu o negócio começar a crescer, apareceria ai a grande protagonista da história: a bolacha amanteigada da Mina, como ficou famosa. Mas não foi fácil. “Minha rotina foi de muito esforço. Eu dormia até a meia noite e levantava e ia mexer a massa até as 4 da manhã para poder no amanhecer do dia ter produto para entregar, mas nunca perdi a esperança, pedia sempre força a Deus”.
Embora o produto seja fabricado por outras empresas, a bolacha da Mina ganhou um toque especial, que Fábio não revela o segredo, e hoje é o motivo do sucesso de venda no mercado, e sinônimo de sabor do Seridó. “Comecei aperfeiçoar a receita, hoje as pessoas quando enviam uma lembrança da região para amigos e parentes, nossa bolacha é uma dela, hoje a nossa bolacha amanteigada da Mina é mandada até pros Estados Unidos, e isso me dá muito orgulho”.
O primeiro passo foi o comércio de Currais Novos e cidades vizinhas. Hoje a demanda não pára de crescer com entrega em todo Rio Grande do Norte e parte da Paraíba. Dos 10 sacos de farinha iniciais que demorou 20 dias para acabar, atualmente são consumidos 12 sacos diários, o que representa uma média de 60 mil pacotes da bolacha fabricado por mês e 14 empregos diretos.
Em 2007, Fábio padronizou as embalagens, o que lhe rendeu a primeira grande parceria com a distribuidora Kero-Kero, com venda garantida todos os meses de 6 mil pacotes. Além da bolacha amanteigada, Fábio também fabrica outros produtos, entre eles, pães, que segundo ele não possui produto químico e tem um sabor especial, para abastecer suas duas padarias na cidade de Currais Novos, com uma média de 4 mil pães diário.
Ele lembra que apesar das dificuldades, prefere dar um passo de cada vez. “Eu recebo a visita de gerentes de bancos aqui na minha empresa me oferecendo crédito, contudo quero continuar andando com as minhas pernas, mas fico feliz saber que quando eu precisar, terei crédito na praça”.
Com a simplicidade típica dos guerreiros, Fábio e Kelly não param de sonhar. Depois de 8 anos de muito esforço, os dois conseguiram comprar um terreno, e agora em 2011 se mudam para a casa própria tão sonhada, com a fábrica aos fundos, com cerca de 240 metros quadrados, dentro de todas as normas e padrões, com previsão de geração de novos empregos. “Antes a gente trabalhava em um local pequeno, que não era nosso, agora eu mesmo projetei a minha fábrica do jeito que eu sempre quis. A partir de agora, terei condições de ampliar a produção e produzir novos produtos, sei que o trabalho está só começando, mas estou realizando um sonho e só tenho que agradecer a Deus por tudo”, disse Fábio.
O segredo do sucesso do negócio Fábio é categórico: “Coragem de trabalhar e fé em Deus, não deixar cair a qualidade do produto e não pisar ninguém, faço questão de tratar bem todos os meus funcionários, aliás não tenho funcionários tenho amigos, e se for pra mudar meu jeito, prefiro parar”. A esposa explica que a proximidade da relação entre patrão é tão grande, que quando tem que tomar uma decisão difícil, chega até a chorar.
Fábio faz questão de treinar todos eles. “Alguns eu encontrei cortando capim no sítio, e hoje são profissionais na área de panificação”. E o respeito parece recíproco. Com cinco anos de história na empresa Antonio Marcos fala da importância que a fábrica tem. “Ela me proporcionou estabilidade no mercado, por isso é muito importante na minha vida”, disse.
Atualmente, a bolacha amanteigada da Mina é um delicioso sinônimo para Currais Novos e para o Seridó. E se você associar produto a uma região, como chimarrão ao Sul do Brasil, vatapá e caruru a Bahia, açaí e tacacá ao estado do Pará, certamente associará a Bolacha da amanteigada da Mina ao Seridó potiguar.
Fonte: cnagitos.com
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