*Sueli Brusco
Após um dia de organização na minha sala, resolvi parar e pensar na minha equipe. Enquanto separava os papéis, reorganizava os valores internos e externos, uma pergunta entrou pela porta e ficou: quantos da minha equipe agregam valor para a minha empresa? E para os outros com os quais trabalham? Percebi que os que mais agregavam eram os funcionários bem humorados. Os profissionais que faziam parte deste grupo conseguiam driblar o estresse de uma agência e mostravam-se fortes diante de tanta carga sobre eles. Traziam um valor de garra e energia. Em todas as empresas, há muitos outros exemplos de profissionais altamente competentes, mas sisudos. Porém, na minha avaliação, os pragmáticos são mais metódicos e não sabem muito bem como motivar equipes.
Ter profissional que saiba sorrir é um detalhe que se torna fundamental, principalmente em setores que demandam decisões, cobranças e vendas. Há empresas que não valorizam esse ponto, procuram profissionais pelo perfil exato da vaga e não reparam na competência social do capital humano. O valor desse funcionário para empresa é somente o cargo, um valor engessado. Já outras empresas procuram contratar pessoas que têm um pouco mais de competência social. Essas podem apresentar pré-disponibilidade a desafios. É claro que cada personalidade traz elementos substantivos e altamente aptos a serem desenvolvidos. Porém, o bom humor e a habilidade de se relacionar são requisitos que devem ganhar mais importância na hora da escolha.
A capacidade de decisão e avaliação das circunstâncias depende muito das impressões anteriores, das experiências passadas. Por isso, o bom humor bem empregado está ligado à segurança, maturidade e confiança. Saber lidar com os erros e péssimos resultados e torná-los parte do processo de progresso é fator resultante de grandes empresas. Mesmo em momentos de performance negativa, este comportamento ajuda a dar a volta por cima, sempre com cabeça positiva, confiante, e não desanimadora.
É comum empresas se perderem buscando funcionários para alavancar vendas e gerar mais negócios. Não no mau sentido, mas no sentido de não conseguir conter a ansiedade pelo faturamento, alguns gestores atropelam pessoas e não percebem como afetam o ambiente da equipe. Trazer um profissional completamente fechado no perfil de um cargo pode ser uma característica ou uma escolha da empresa. Porém, na prática, voltando ao exemplo do bom humor, os resultados de aproveitamento desse profissional podem não significar tanto se medido ao impacto dele na equipe.
O ideal é ter uniformidade no grupo, linearidade no discurso em relação às metas, resultados e valores. É fácil perceber o valor de uma empresa quando o ambiente, a equipe e os resultados são homogêneos, se correspondem e se equivalem. Do contrário, acontecem os ruídos, altos e baixos, equipes sazonais, "rádio pião", entre outros inúmeros problemas que podem afetar uma equipe.
De maneira geral, o estado de espírito e os valores da pessoa são o que interessa. Quer sejam suas competências em relação ao bom humor, má desenvoltura, dificuldades de tomar decisões, insegurança, todos os valores que completam esse ser humano vão inevitavelmente entrar na empresa, circular entre pessoas. O humor dá leveza, até mesmo diante de negociações complicadas. Não estamos falando do humor forçado e pesado, mas aquele bem dosado e nas horas pertinentes. Trata-se de uma questão de atitude, de competência social e até mesmo cultural.
* Sueli Brusco é diretora de serviços da SimGroup, especializada em comportamento humano.
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