sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tabela periódica

Fonte: CRQ - IV

Refrigerantes

Refrigerantes são bebidas gaseificadas obtidas pela dissolução, em água potável, de suco ou extrato vegetal, e pela adição de açúcar ou edulcorantes. Para serem consideradas refrigerantes as bebidas deverão obrigatoriamente ser saturadas de dióxido de carbono (CO2 ou gás carbônico) industrialmente puro. Os ingredientes básicos dos refrigerantes são: 1 - água, que deve atender às normas e padrões de potabilidade; 2 - concentrados, que dão o sabor, e são compostos por extratos, óleos essenciais e destilados de frutas ou vegetais, como quinino e seus sais, noz-de-cola nos refrigerantes do tipo cola ou semente de guaraná para o refrigerante de guaraná; 3 - açúcar refinado ou cristal (sacarose), que pode ser substituído total ou parcialmente por sacarose invertida, frutose, glicose e seus xaropes, ou edulcorantes; 4 - dióxido de carbono - CO2 (gás carbônico) industrialmente puro. Por serem considerados produtos alimentícios, os ambientes industriais, equipamentos e utensílios usados em todo o processo de fabricação de refrigerantes têm que seguir as normas específicas nos procedimentos de recebimento de matérias primas, de produção, embalagens, transporte e análises físico-químicas e microbiológicas. Matérias primas: A água é o ingrediente que entra em maior quantidade na composição dos refrigerantes, respondendo por 90% do conteúdo. Para ser utilizada, deve obedecer aos padrões de potabilidade do Ministério da Saúde e apresentar as seguintes características: ser incolor, transparente, insípida, inodora, livre de íons ferro, cloro residual e microrganismos, ter baixo teor de sais de cálcio e de magnésio. O açúcar é adicionado numa proporção de 8% a 12% do produto final. A sacarose é o principal açúcar utilizado. As indústrias de refrigerantes são as maiores consumidoras de açúcares do mercado brasileiro e por isso muitas usinas vendem o chamado “açúcar líquido”, um xarope de sacarose com concentrações predeterminadas, que simplifica o processo industrial. O refrigerante tradicional, ou calórico, é adoçado unicamente com açúcar. Já o hipocalórico, também chamado de refrigerante de baixa caloria, zero caloria, light e dietético, recebe edulcorantes como sacarina, aspartame ou estévia. A legislação brasileira não permite a associação de açúcares e edulcorantes em refrigerantes. Os concentrados de suco de frutas, óleos essenciais e destilados de frutas ou vegetais, a água e o açúcar formam a base de um refrigerante. A quantidade mínima de suco e/ou extrato vegetal a ser utilizada é definida pela legislação. Os sucos de frutas concentrados são mais utilizados que os sucos simples, porque garantem mais aroma, facilidade de transporte, armazenamento e melhor conservação. Outras matérias primas dos refrigerantes são os conservantes, que impedem ou retardam a deterioração provocada por microrganismos, como leveduras, mofos e bactérias. São conservantes o ácido benzóico, o ácido sórbico e seus respectivos sais de sódio, cálcio e potássio. Os acidulantes regulam a doçura do açúcar, intensificam o gosto ácido, controlam o pH da bebida e inibem a proliferação de microrganismos. Além disso, têm a capacidade de realçar o sabor da bebida. Os acidulantes empregados na produção de refrigerantes são os ácidos cítrico, tartárico e fosfórico. Os antioxidantes evitam a ação do oxigênio, que causa perda da cor e provocam a deterioração do produto. A luz e o calor aceleram o processo de oxidação e, por isso, os refrigerantes nunca devem ser expostos ao sol. Os antioxidantes mais usados são o ácido ascórbico, ou vitamina C, com a única função de evitar a oxidação e não para deixar a bebida “vitaminada”, e o ácido isoascórbico. Os aromatizantes conferem ou intensificam o aroma; os flavorizantes conferem ou intensificam tanto o sabor quanto o aroma. Quando adicionados aos alimentos eles podem desempenhar funções diversas, como criar novos sabores inexistentes na natureza ou reforçar, substituir ou mascarar os sabores presentes. Os principais aromas utilizados na indústria de refrigerantes são obtidos de extratos alcoólicos ou essências, soluções aquosas ou emulsões, soluções aromáticas em glicerol ou propilenoglicol e sucos concentrados de frutas. São aromatizantes e flavorizantes: sucos naturais, extratos naturais, óleos essenciais, emulsões e aromas naturais e idênticos aos naturais. Os corantes são usados para dar ou intensificar a cor dos refrigerantes. Podem ser naturais, como β-caroteno e antocianinas, ou artificiais, como amarelo tartrazina, amarelo-crepúsculo, amaranto ou bordeaux e azul-brilhante. O gás carbônico promove a carbonatação, que realça o paladar e a aparência do produto. Este confere a impressão sensorial de gasoso/efervescente, característica do refrigerante. O CO2 é um gás incolor com odor ligeiramente picante; quando dissolvido em água apresenta sabor ácido, resultado da formação do ácido carbônico, de acordo com a equação química: H2O + CO2 H2 CO3 O volume de CO2 no refrigerante é fator importante na qualidade do produto. A variação do volume de CO2 afeta diretamente o sabor e o aroma do refrigerante, pois o gás carbônico proporciona “vida” à bebida, realça o sabor e confere uma sensação refrescante. Sabores e embalagens: Os refrigerantes são vendidos em embalagens de PET poli(tereftalato de etileno), garrafas de vidro, latas, em volumes que variam de 237 mililitros a 3 litros, e também em barris de aço ou alumínio. A embalagem de vidro apresenta vantagens, como o alto valor mercadológico de visualização, devido à transparência e perfeita impermeabilidade. Mas a fragilidade das garrafas, seu peso e o preço elevado são fatores que levaram à maior utilização de latas e garrafas PET. As embalagens PET têm como vantagens menor investimento do engarrafador com máquinas de lavar vasilhames, o fim do frete de retorno de vasilhames, o fato de serem descartáveis e a resistência a impactos, entre outras. Atualmente o plástico PET embala cerca de 80% dos refrigerantes vendidos no Brasil. O maior problema do uso desta embalagem, no entanto, é no momento do descarte: o PET representa um dos principais resíduos urbanos. Com biodegradação muito lenta, a solução para o problema é a reciclagem. Já as latas de alumínio têm como vantagens: o fato de serem leves e resistentes, gelar mais rapidamente a bebida, o que economiza energia, serem uma excelente barreira contra a luz e a água, e por seu tamanho reduzido, facilitar a estocagem e distribuição do produto. Além disso, as latas de alumínio podem ser recicladas indefinidamente. Os prazos de validade dos refrigerantes variam de acordo com a embalagem: garrafas de vidro retêm melhor o CO2 e por isso os refrigerantes envasados nessas embalagens duram de 6 a 9 meses; em latas os prazos de validade variam de 4 a 9 meses, e em embalagens PET o prazo de validade é menor, entre 3 e 6 meses, por conta da maior porosidade do material, o que leva à perda do CO2 mais rapidamente. Existem refrigerantes de muitos sabores, como guaraná, laranja, limão, cola, abacaxi, uva, maçã, framboesa e tutti-fruti. O sabor preferido em todo o mundo é o cola. As exceções são China e Taiwan, onde os mais consumidos são os refrigerantes de laranja e salsaparrilha, a Europa, com preferência pela laranja, e a América Latina, onde há uma grande variedade de sabores. No Brasil, os sabores preferidos são, pela ordem, cola, guaraná, laranja, limão e uva. Processo de fabricação: No processo de fabricação dos refrigerantes não há qualquer contato manual, e ocorre sob rigoroso controle de qualidade. As etapas de fabricação são as seguintes: 1 - tratamento da água, para que ela adquira as condições microbiológicas adequadas, ou seja, sem coliformes, mofos e leveduras, e baixo índice de bactérias; 2 - elaboração do xarope simples, que consiste na dissolução do açúcar (cristal, sólido ou invertido) em água quente e seu tratamento com carvão ativado para eliminação de compostos que causam odores e paladares estranhos; 3 - preparação do xarope composto, quando o xarope simples é misturado aos outros ingredientes: conservantes, ácidos, aromas, corantes, extrato de guaraná em caso da produção de guaraná, extrato de noz de cola, no caso de refrigerante cola, e sucos naturais no caso de sabores de fruta. A mistura é feita em tanques de aço inoxidável equipados com agitadores e na ausência de ar; 4 - antes de seguir para a etapa seguinte, de envase, o xarope composto passa por análises microbiológicas e físico-químicas, que checam turbidez, acidez e dosagem de açúcar ou edulcorantes; 5 - envasamento: é a fase final da fabricação. Garrafas retornáveis são inspecionadas, para eliminação das quebradas, trincadas, lascadas, lixadas ou com material de difícil remoção, como tinta ou cimento. Depois as garrafas passam por pré-lavagem, imersão em soda cáustica quente para retirada de impurezas e esterilização, enxágue com água e nova inspeção. Embalagens descartáveis não necessitam de pré-lavagem; garrafas não retornáveis e latas são apenas rinsadas com água clorada. Nesta etapa de produção, o xarope composto segue até a linha de envasamento e passa por uma seqüência de máquinas: cuba de mistura, onde o xarope é misturado com a água; gaseificador, onde recebe o CO2; enchedora, arrolhador, rotuladora e empacotadora, até chegar ao estoque para distribuição. Esteiras movimentam as embalagens vazias e cheias entre os diversos pontos da operação. Controles: Durante o processo de fabricação os refrigerantes passam por vários processos de controle. Os testes da água têm o objetivo de realizar o controle microbiológico e a retirada do cloro antes do uso. O xarope simples e o composto passam por análises de acidez, cor, turbidez, concentração e detecção da presença de microrganismos. Na fase final, depois de todos estes controles físico-químicos, ainda é feito o controle de linha de produção, que inclui a checagem de itens como carbonatação, cor, brix (concentração) no mínimo a cada 20 minutos para garantir padrões de qualidade preestabelecidos. A acidez é testada nos tanques de xarope composto. Além disso, é feito um acompanhamento visual para detecção de resíduos nas garrafas. Também é feita a retenção de algumas garrafas em cada dia ou a cada lote produzido para acompanhamento dos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos. Efluentes: Os efluentes gerados em todos os setores da fábrica de refrigerantes, como xaroparia, sala de envase, lavadora de garrafas, lavagem de piso, rinse, cozinha e banheiro, são enviados para tratamento. Normalmente as fábricas usam o tratamento com lodo ativado, por se tratar de efluentes sem resíduos químicos ou metais pesados, o que torna o tratamento mais fácil. Mesmo a solução da lavadora de garrafas, filtrada periodicamente em uma caixa de brita, retorna para a lavadora. A parte de celulose é separada para descarte como material reciclável, de acordo com a legislação, que no Estado de São Paulo é determinada pela Cetesb. Brasil: Os brasileiros são grandes consumidores de refrigerantes. O consumo no Brasil em 2011 deve chegar a 15.645 milhões de litros, de acordo com a previsão da Abir – Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não-Alcoólicas. A Associação reúne as empresas fabricantes de 75% dos refrigerantes consumidos no país. O setor emprega 300 mil trabalhadores, de acordo com a Associação. Na definição da Abir, refrigerantes são adoçados, não têm álcool e contêm CO2. Não são considerados refrigerantes bebidas à base de chá, nem as energéticas, como os isotônicos. Fazem parte da categoria dos refrigerantes as bebidas concentradas para consumo em casa e, fora de casa, dispensadas em máquinas para bebidas não-alcoólicas gaseificadas e as águas saborizadas de baixa gaseificação. A atuação dos químicos: Os profissionais da química estão presentes em todas as etapas de produção de refrigerantes, atuando no controle de qualidade desde a entrada das matérias primas até o descarte dos efluentes. O trabalho do químico é muito extenso e envolve todo o processo, porque é importante manter padrões de qualidade no momento e após a produção. Inicialmente, os profissionais da química atuam no tratamento da água na ETA – Estação de Tratamento de Água – da empresa, para retirada dos íons de ferro, sais de magnésio e cálcio, que devem ser evitados no refrigerante. Na fase de preparação do refrigerante há o controle da produção do xarope simples, já que durante a dissolução do açúcar é necessário controlar as concentrações, a cor e a acidez do produto. Depois é feito o controle do xarope composto, quando são adicionados os outros componentes. Faz-se o acompanhamento físico-químico das quantidades dos insumos que vão ser adicionados, como acido cítrico, aroma, corante e conservante. O controle dessas operações, como a dissolução do açúcar e a preparação do xarope é acompanhado pelo profissional da química. A etapa de envase também é acompanhada pelo profissional da química, para o refrigerante manter os padrões de qualidade predeterminados, mantendo-se os teores de açúcar, acidez e volume de gás adicionado à garrafa. Garrafas de vidro são lavadas anteriormente em uma máquina e estão limpas quando chegam ao envase, e são feitos outros controles nesse processo de lavagem. Quando são utilizadas garrafas PET, na maioria das empresas essas garrafas são sopradas mecanicamente dentro da fábrica e lavadas com água levemente clorada para evitar contaminações microbiológicas antes do uso. O profissional da química acompanha este processo também. O refrigerante é envasado em baixas temperaturas, ao redor de 5°C. Durante o processo de envase são feitas analises físico-químicas que, basicamente, vão monitorar o volume de gás e a concentração de açúcar (brix). Os testes são feitos normalmente em um laboratório ao lado da linha de produção. São análises rápidas e simples, feitas a cada 20 ou 30 minutos. Finalmente, entra o controle relacionado ao meio ambiente. Todos os equipamentos são lavados antes e depois do uso e na troca de sabores e toda a água usada na fábrica é coletada e vai para uma lagoa para tratamento. As fábricas devem ter uma estação de tratamento e a água deve sair com padrões adequados para não causar danos ao meio ambiente. Na indústria de refrigerantes o que mais se retira da água é o açúcar. A retirada desse açúcar residual é o grande problema para o descarte da água, e para isso é feito um tratamento específico. A importância do profissional da química dentro da fábrica de refrigerantes não se resume a atender à legislação do setor. A empresa que não tem um profissional preparado para fazer os controles físico-químicos acaba sofrendo com problemas de custos. Por exemplo, se cada garrafa de refrigerante tiver 3 gramas de açúcar a mais, para uma fábrica de pequeno porte, que produz 2 milhões de litros por mês, no final do mês isso representará um custo em torno de oito mil reais. A falta de controle põe em risco a rentabilidade e, em conseqüência, até mesmo a sobrevivência da empresa. Em suma, a presença de profissionais da química significa a racionalização no uso dos insumos e maior retorno financeiro. Bibliografia: Venturini Filho,W. Bebidas Não-Alcoólicas, vol.2, Ed. Edgar Blucher, 2010 Silva Lima, A.C e Afonso J. C. A Química do Refrigerante. Revista Química Nova na Escola, vol. 31 nº3, agosto 2009 Texto: Mari Menda, jornalista, Depto. de comunicação e Marketing CRQ-IV Revisão: Prof. Dr. Antonio Carlos Massabni Prof. Titular aposentado do IQ-Unesp Araraquara Profissional entrevistado: Dilermando Peçanha, Técnico em Química Licenciado em Química, 36 anos de experiência na área de alimentos, sendo 14 anos em refrigerantes e bebidas alcoólicas. Publicado em 20/09/2011

Marie Curie no Brasil

Marie Sklodowska Curie Reprodução: Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais - Cememor Fac.Medicina UFMG Os jornais deram ampla cobertura e abriram espaço para reportagens, fotos e entrevistas com a eminente figura; as emissoras de rádio divulgaram a agenda de palestras, dados sobre a vida e a programação da visitante em território brasileiro. Ao desembarcar do navio Pincio no porto do Rio de Janeiro, em 15 de julho de 1926, a polonesa Marie Sklodowska Curie foi saudada por repórteres de jornais como O Globo, O Paiz, O Estado de São Paulo, A Gazeta Clínica e o Jornal do Brasil, e pela comunidade científica brasileira. O alvoroço da imprensa era justificado pela importância da visitante: na década de 1920, Marie Curie era uma das cientistas mais conceituadas e admiradas do mundo. Já ganhara dois Prêmios Nobel, de física, em 1903, e de química em 1911, por suas descobertas sobre a radioatividade e os elementos químicos polônio e rádio; era a primeira mulher a dar aulas na Universidade Sorbonne; fundara e coordenava o Instituto do Rádio, em Paris, que fazia pesquisas para tratamento do câncer. Madame Curie, como era chamada na época, também ganhou a simpatia mundial ao desenvolver aparelhos de raios-X, equipar veículos com eles, treinar enfermeiros para operá-los e levá-los aos campos de batalha da primeira guerra mundial, para atendimento dos soldados feridos em combate. Era uma cientista em plena atividade, e trabalhava pela divulgação da ciência e do conhecimento científico. Já o Brasil vivia um período de grande interesse pelas descobertas científicas, e cientistas estrangeiros eram convidados a vir ao país para dar aulas, visitar centros de pesquisas e conhecer as potencialidades de um país que começava a despertar para as ciências. Um ano antes da chegada da cientista polonesa o Brasil já recebera Albert Einstein, que teve tratamento digno de celebridade. Além dos jornais, que divulgavam a agenda desses visitantes, o rádio, primeiro meio de comunicação de massa, transmitia programas científicos e de divulgação cultural a um público ávido por notícias, novidades e informação. Nas primeiras décadas do século XX a pequena comunidade acadêmica do país era receptiva a grandes nomes da química, da física, da matemática, e além de Madame Curie, o país também recebeu cientistas ilustres como os matemáticos Jacques Hadamard e Émile Borel, o antropólogo Paul Rivet e o físico Paul Langevin. Rio de Janeiro: Marie Curie passou 45 dias no Brasil, acompanhada da filha mais velha, Irène. Veio a convite do Instituto Franco-Brasileiro de Alta Cultura, hoje extinto, uma instituição voltada à divulgação científica mantida pela embaixada francesa no Rio de Janeiro. O Instituto organizou na então capital federal uma série de conferências sobre a radioatividade na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo Madame Curie como principal oradora. As conferências foram realizadas na escola, localizada no Largo de São Francisco de Paula, no centro do Rio. A primeira emissora de rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada quatro anos antes por Roquette Pinto, chegou a transmitir as conferências. Os jornais deram destaque à presença da cientista e fizeram muitas reportagens para falar de sua vida, seu trabalho e sua agenda no Brasil. Na série de palestras da Escola Politécnica, sempre às terças e sextas feiras, ela tratou de temas ligados à radioatividade, abordando a cada dia questões como as transformações radioativas, os efeitos das radiações, as famílias dos radioelementos e os depósitos das emanações. As palestras eram acompanhadas pela imprensa, e noticiadas com grande destaque, principalmente pelo jornal O Paiz. As notícias da época informam que, entre um compromisso acadêmico e outro, Madame Curie teve interesse em conhecer pontos turísticos e culturais do Rio, como a Ilha de Paquetá, o Pão de Açúcar, o Jardim Botânico e o Museu Nacional, que já mantinha um grande acervo científico, localizado na Quinta da Boa Vista. No livro Madame Curie, a filha caçula, Eve Curie, contou que a mãe aproveitou sua estadia no Rio para passear incógnita pela cidade, descansar e tomar muitos banhos de mar.
Visita ao Pão de Açúcar Foto: Museu Curie/Paris - São Paulo: A viagem do Rio a São Paulo foi feita pelo trem noturno, em um carro especialmente reservado para Curie e sua comitiva. A cientista chegou a São Paulo no dia 13 de agosto acompanhada da filha Irène, de Bertha Lutz, Dra. Carlota Pereira de Queiroz e Nininha Bastos para três dias de permanência, a convite do governo do Estado. Madame Curie foi recebida na Estação do Norte, no Brás, atual Estação Roosevelt, por autoridades, estudantes de medicina, personalidades da medicina e da ciência e franceses residentes na cidade. Dr. Eugenio Lindemberg, da Sociedade de Química, era um dos presentes, informa uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo. Entre seus principais compromissos em São Paulo constava uma palestra sobre radiologia no anfiteatro da Faculdade de Medicina, em Pinheiros. Para um auditório lotado, formado por professores da faculdade, médicos, estudantes de medicina e ‘muitas senhoras e senhoritas’, como informa a reportagem de O Estado de São Paulo, ela abriu a conferência recordando a descoberta de Becquerel – “foi este sábio que encontrou no urânio propriedades físicas inteiramente novas” – e garantiu: “esses fenômenos reservam ao mundo surpresas inconcebíveis”. Madame Curie afirmou que já eram conhecidos 40 elementos radioativos e falou mais detidamente sobre três séries: do urânio, do tório e do actínio. Ilustrou a palestra com ‘diversas projeções luminosas’ e explicou minuciosamente a existência de emanações no meio ambiente. A filha Irène e o cônsul da França, Marcel de Verneuil, faziam parte da mesa. Na capital ela também fez uma demorada visita ao Instituto Butantan ‘tendo palavras elogiosas para a organização e os fins do Instituto’, diz uma reportagem de O Estado de São Paulo. Visitou também a Estação Biológica do Alto da Serra, a convite de seu diretor, Frederico Carlos Hoehne, e foi recebida por autoridades. Madame Curie e sua filha ficaram hospedadas no antigo Hotel Terminus, na Avenida Prestes Maia, no centro da cidade, já demolido. Bertha Lutz, integrante do grupo que acompanhava Curie desde o Rio de Janeiro, enviou um relato publicado no jornal O Estado de São Paulo de 19 de agosto de 1926 informando que a cientista também fez contatos com autoridades do governo: “Alcançou êxito a visita da Sra. Curie acompanhada pela Federação do Congresso Feminino a São Paulo. Foram feitas visitas oficiais ao presidente do Estado e ao secretário do interior, recebendo-se a visita do prefeito. Acompanhadas de representantes da Faculdade de Medicina e de instituições científicas, visitamos o Instituto Butantã e as thermas radioativas de Lindoya. Desejaria salientar a ótima impressão da Sra. Curie obtida na Estação Biológica do Alto da Serra, dirigida pelo botânico Sr. Hoehne, do Museu Paulista, iniciativa de alto valor científico”. Observe-se que ‘presidente do Estado’ hoje significa governador do Estado. Águas de Lindóia: Aproveitando a proximidade da capital paulista e o convite feito pelo médico italiano Dr. Francisco Tozzi, Madame Curie decidiu fazer uma rápida viagem a Thermas de Lindoya, hoje município de Águas de Lindóia, para conhecer as fontes de águas radioativas. A viagem de trem, da Estação da Luz até Mogi Mirim, consumiu a manhã inteira do dia 14 de agosto de 1926, e foi feita em confortáveis poltronas pulmann, salientava a imprensa da época. O jornal Gazeta Clínica, de São Paulo, na edição do dia 15 de agosto, conta que Madame Curie estava acompanhada da filha Irène e de uma comitiva de cientistas brasileiros. O trem deixou o grupo em Mogi Mirim, e de lá todos seguiram de carro até Thermas de Lindoya passando por Itapira. Ao chegar a Thermas de Lindoya o grupo seguiu direto para o Hotel Glória, de propriedade do Dr. Tozzi, que ofereceu um almoço festivo ao grupo e inaugurou oficialmente um retrato da cientista em um de seus salões. Madame Curie e sua filha conheceram os hotéis, os pavilhões de banho, os locais de engarrafamento das águas, as fontes Filomena e São Roque e os salões de emanações. ‘Depois de um ligeiro descanso, percorreu a Sra. Curie os departamentos das termas, sempre acompanhada de químicos de São Paulo. No estabelecimento do rádio demorou-se algum tempo apreciando a ebulição das águas, dizendo nessa ocasião que aquele estabelecimento estava talhado a um grande futuro, e felicitava o Dr. Tozzi, pois as suas observações ligeiras asseguravam que aquelas águas eram fortemente radioativas’, informa uma reportagem do Jornal do Brasil. “Madame Curie quis visitar Águas de Lindóia porque sabia que aqui existiam águas radioativas. Meu avô, quando fazia palestras, já citava a radioatividade da água. Em suas conferências, afirmava que as curas eram promovidas pela radioatividade”, conta Mirian Tozzi, neta do médico Francisco Tozzi, que em 1916 fundou o vilarejo de Thermas de Lindoya. O Dr. Tozzi, que era especializado em tratamentos termais, tornou a localidade famosa no mundo ao divulgar seus estudos sobre a composição e as propriedades curativas das águas que saíam das fontes do local. Ela conta que o Dr. Tozzi deu o nome de Madame Curie a uma sala de emanações: “A sala tinha uma espécie de piscina, e da água saíam gases que formavam bolhas. Naquele local as pessoas doentes sentavam por algum tempo em bancos e respiravam as emanações do rádio liberadas na água”. A sala das emanações foi desativada quando o Estado desapropriou as termas, ela relata, e hoje está fechada ao público. Atualmente a piscina fica dentro de uma sala totalmente vedada, com acesso por uma pequena janela. Pode-se ver o fundo de rochas, e todo o ambiente é aquecido. A água, cristalina, com temperatura de 30°C, brota de uma fenda com um quilômetro de profundidade. “Este foi o lugar mais importante visto por Marie Curie em Thermas de Lindoya”, afirma Mirian Tozzi. A neta do Dr. Tozzi continua morando na cidade, e preserva um grande acervo de objetos, fotografias e textos do avô. A comitiva que acompanhou Madame Curie a Águas de Lindóia tinha cerca de 20 pessoas de várias sociedades científicas, como a zoóloga e feminista Bertha Lutz, Bruno Chirstini, da Sociedade de Farmácia e Química, o médico Oswaldo Portugal, da Sociedade de Medicina e Cirurgia e Paulo Guimarães da Fonseca, representante da Sociedade de Química e professor da Escola Politécnica da USP. O grupo voltou a São Paulo de automóvel naquele mesmo dia.
Arquivo Mirian Tozzi/Reprodução Alex Silva - Belo Horizonte: Partindo de São Paulo no domingo à noite, Marie Curie e sua filha chegaram segunda feira, dia 16 de agosto de 1926, em Minas Gerais. Na longa viagem pelo trem noturno de luxo até Belo Horizonte, com uma parada em Barra do Piraí, foram acompanhadas pela deputada paulista Maria José de Queiroz, que, como Bertha Lutz, foi uma das pioneiras do feminismo no Brasil. Segundo o Prof. João Amilcar Salgado, fundador do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais, o grande interesse de Madame Curie na capital mineira era conhecer o Instituto do Rádio, primeiro hospital especialmente dedicado ao câncer a funcionar nas Américas. Construído em 1922 por iniciativa do diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Prof. Borges da Costa, o Instituto foi criado com o objetivo estudar o rádio e os raios-X, divulgar a doença ao público e fazer atendimento à população. Madame Curie e Irène conheceram as instalações do Instituto, assinaram o livro de registro de visitas e bateram uma foto histórica, nos jardins da edificação, ao lado de médicos, funcionários e do Dr. Borges da Costa, que foi o primeiro diretor do hospital. No dia seguinte, de acordo com o Prof. Salgado, Marie Curie fez uma conferência sobre a radioatividade e suas aplicações, na Faculdade de Medicina. Na platéia, estudantes de medicina que depois se tornariam personalidades famosas no país: Pedro Nava, Juscelino Kubistchek e João Guimarães Rosa. Anos mais tarde o Instituto do Rádio mudaria de nome, passando a se chamar Instituto Borges da Costa, em homenagem a seu fundador. Continua em funcionamento até hoje, depois de passar por uma grande reforma. Jornais que acompanharam a cientista relatam que Marie Curie e sua comitiva também fizeram visitas a autoridades do Estado e à prefeitura de Belo Horizonte. A comitiva embarcou para o Rio de Janeiro na quarta-feira, dia 18. De volta ao Rio depois do giro por São Paulo e Minas, Marie Curie foi homenageada pela Academia Nacional de Medicina em 19 de agosto, sendo declarada sócia honorária, e lá fez mais uma conferência. Mãe e filha voltaram à França no dia 28 de agosto, à bordo do navio Lutetia. Marie Curie manteve seu trabalho no Instituto do Rádio, e continuou a fazer viagens internacionais. Ela morreu oito anos depois de visitar o Brasil, em 1934, aos 67 anos. O Instituto do Rádio, fundado por ela em Paris em 1909, existe até hoje. É o maior centro dedicado à pesquisa do câncer na França. Lá funciona o Museu Curie, no mesmo local em que, em 1898, Pierre e Marie, trabalhando em um laboratório improvisado, descobriram o polônio e o rádio, dando início a toda esta história. Escândalo: Notícias de jornal da época informam que Madame Curie visitaria outras localidades durante sua estada em Minas Gerais. Ela iria a cidades próximas a Belo Horizonte, como Lagoa Santa, Sabará e a mina de Morro Velho, hoje situada em Nova Lima. De acordo com o fundador do Centro de Memória da Medicina, da Faculdade de Medicina da UFMG, Prof. João Amilcar Salgado, estes passeios foram cancelados em cima da hora porque as esposas dos médicos e dos representantes de associações científicas ficaram enciumadas. Estes temores explicam-se pelo grande escândalo que envolveu Madame Curie 15 anos antes de sua visita ao Brasil. Viúva e jovem, ela teve um envolvimento amoroso com o físico Paul Langevin, brilhante ex-aluno de seu marido Pierre Curie. Em 1911 Langevin já estava separado da mulher, com quem teve quatro filhos, quando se aproximou romanticamente de Curie, mas a imprensa conservadora da época acusou Madame Curie, uma estrangeira e ainda por cima com hábitos não convencionais, de ter acabado com o casamento de respeitáveis cidadãos franceses. Cartas trocadas entre Langevin e Curie foram publicadas pela imprensa sensacionalista. A comoção popular foi tão grande que manifestantes chegaram a fazer piquetes em frente à residência dos Curie, em Paris. O escândalo estourou na mesma época em que a cientista polonesa era anunciada como ganhadora do Prêmio Nobel de Química, em 1911. Abrigada na casa de amigos com as duas filhas, Marie Curie rompeu o relacionamento com Langevin e declarou-se envergonhada por macular o nome do marido Pierre Curie. Texto Mari Menda – Jornalista Depto. Comunicação e Marketing do Conselho Regional de Química IV Região - Publicado em 29/09/2011

Israelense ganha o Nobel de Química de 2011

A Real Academia Sueca de Ciências anunciou nesta quarta-feira que o israelense Daniel Shechtman é o ganhador do Prêmio Nobel de Química de 2011. O cientista, que já teve seu trabalho desacreditado pela comunidade acadêmica, foi premiado por ter descoberto diferentes formas de organização dos átomos no estado sólido, chamados quasicristais. Ele receberá o prêmio de aproximadamente R$ 2,7 milhões. Em 1982, o pesquisador observou que os átomos nos cristais se juntam em padrões sem repetição – formando imagens parecidas com mosaicos árabes. De acordo com o comitê do Nobel, a descoberta foi tão polêmica - até então acreditava-se o padrão teria de se repetir - que Shechtman foi “convidado” a deixar seu grupo de pesquisas. Segundo a agência Reuters, um dos seus críticos mais inflamados foi Linus Pauling, ganhador de dois prêmios Nobel. A persistência do cientista em demonstrar os fundamentos de seus estudos acabou por forçar todos os seus detratores mudarem de opinião. Em 1992, a União Internacional de Cristalografia alterou, com base no trabalho do israelense, sua definição sobre o que é um cristal. Atualmente, destacou o comitê do Nobel, os semicristais descobertos por Shechtman estão sendo usados para realização de experimentos para o desenvolvimento de produtos que vão de frigideiras e motores a diesel. Ainda de acordo com o comitê, uma empresa da Suécia percebeu que eles eram um dos tipos mais duráveis de metais, usados atualmente em produtos como lâminas de barbear e agulhas muito finas para procedimentos cirúrgicos oculares. Os quasicristais, em sua maioria, são artificialmente criados quando um metal derretido é esfriado rapidamente. Recentemente, porém, foram encontrados quasicristais na natureza. Sua estrutura dificulta a propagação de ondas, o que define as características fisico-químicas dos materiais. Com 70 anos de idade, Daniel Shechtman trabalha atualmente no Instituto de Tecnologia de Haifa, em Israel, onde é professor do Departamento de Engenharia de Materiais. Na época do descobrimento dos quasicristais, ele trabalha nos Estados Unidados. Mais informações em www.nobelprize.org/nobel_prizes/chemistry/laureates/2011/press.html. Publicado em 05/10/2011 Fonte: CRQ-IV

Inovação no setor de alimentação, a chave para novos mercados

Paulo Brito
O que já se sabe, é que a tecnologia invade cada vez mais a vida das pessoas. Mas, o que muitos ainda não se deram conta, é que em objetos simples, como aquele forno que comprou para a cozinha, por exemplo, possui alta tecnologia inserida no seu desenvolvimento até que chegue às prateleiras para ser comercializado. Isso também é inovar. E, para atingir novos mercados ou manter-se em destaque, é essencial ter um pensamento inovador e construir tendências. De acordo com pesquisas do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Brasil investiu 24,2 bilhões de dólares em P&D (pesquisa e desenvolvimento) no ano de 2010. Dado correspondente a 1,19% do Produto Interno Bruto, o PIB. É nesse contexto, que podemos perceber o investimento das empresas brasileiras em inovação, embora esse valor seja tímido. A área do food service vem aprimorando cada vez mais suas estratégias para acompanhar o desenvolvimento do país. A alimentação fora do lar cresce em ritmo acelerado, e para atender a demanda, as indústrias de cozinhas profissionais têm se dedicado para oferecer equipamentos que supram o maior número de necessidades possíveis. Tendo como foco não só as cozinhas e estabelecimentos, mas também o consumidor final que irá usufruir das refeições. As inovações tecnológicas para o setor visam desde os produtos até o processo de preparo. Neste momento, as cozinhas profissionais proporcionam algo fundamental para ter-se uma boa refeição: a qualidade de trabalho para quem prepara. As tendências podem ser ditadas pelo mercado. Este caso ocorre quando os consumidores utilizam produtos ou serviços que passam a ser parte de seus hábitos cotidianos. Para as empresas que seguirem, será um pouco mais fácil de inovar, pois, já saberá o que o consumidor quer. Adaptações, ou simples alterações em design e conceito, são consideradas novidades para os consumidores. Na situação em que a empresa determina sua própria tendência, há um grande risco, porque terá que investir um alto volume de dinheiro para pesquisas e desenvolvimento. Caso o produto não seja bem aceito, poderá trazer graves consequências para a companhia. Ao menos, que a empresa já tenha um preparo e olhar especial para sacar a necessidade do cliente, antes mesmo que ele perceba o quanto precisava. Por que inovar? Hoje para ter uma empresa, é necessário preparação e dinamismo para enfrentar os diversos desafios que surgirão. A competitividade é a engrenagem do mercado, e, aquele que não inovar, poderá desaparecer no mundo dos negócios. No entanto, ele não espera as companhias terem um “start” de inovação, ele simplesmente deixa para trás quem não acompanhar o ritmo. A utilização de tendências como medidas emergenciais para elevar o número de vendas ou conquistar espaços competitivos, pode causar efeito contrário, pois, o processo de globalização de informações trouxe inúmeros significados e usos para comportamentos do mundo afora. O que exige uma análise sociocultural para ter um acompanhamento adequado e não correr riscos ao inovar. Hoje, quase tudo que se refere à cozinha precisa de aquecimento e refrigeração. Por isso, é essencial que as empresas superem as expectativas dos clientes e traga à mesa o impensável. Paulo Brito é gerente comercial da Cozil, empresa que atua no ramo de cozinhas profissionais, com mais de 26 anos de mercado.

Mau uso da internet no trabalho

Ricardo Trotta
A internet representa hoje uma importante ferramenta em nosso cotidiano. Não se imagina mais o mundo sem ela, mas é importante atentar para que o seu uso seja adequado, principalmente dentro do ambiente de trabalho. O mau uso da internet prejudica a produtividade do empregado e pode causar a demissão de funcionários por justa causa, quando a empregadora considera tal conduta como uma falta grave, a teor do Artigo 482 da CLT. A 7ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu a demissão por justa causa de um funcionário que utilizava o equipamento de trabalho para acessar sites de relacionamento, trocando mensagens de correio eletrônico com piadas grotescas e imagens inadequadas, como fotos de mulheres nuas. No Distrito Federal uma funcionária tentou reverter demissão por justa causa alegando violação de sigilo de correspondência, pois a empresa em que trabalhava utilizou mensagens do e-mail coorporativo para provar que ela estava maltratando clientes. Mas seu pedido foi negado pela 1ª Turma do TRT daquele Estado, que entendeu que o e-mail corporativo é uma ferramenta de trabalho e, portanto, não se enquadra nas hipóteses previstas nos incisos X e XII do artigo 5º da Constituição Federal (que tratam, respectivamente, da inviolabilidade da intimidade e do sigilo de correspondência). O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Turma da 10ª Região, (RO 504/2002), entendeu ser motivo de demissão por justa causa o caso de um ex-funcionário que enviou fotos pornográficas por intermédio de do e-mail corporativo. A juíza de primeira instância que proferiu a sentença baseou sua linha de raciocínio asseverando que todos os instrumentos são de propriedade da empresa e disponibilizados aos empregados para suas atividades, não existindo, por isso, "confidencialidade", motivo pelo qual não se configuraria a suposta violação à garantia da intimidade e à obtenção de provas por meio ilícito. O controle do e-mail seria a forma mais eficaz, tanto de proteção e fiscalização das informações que tramitam na empresa, inclusive sigilosas, quanto de evitar o mau uso da internet, que pode até mesmo atentar contra a moral e os bons costumes, causando à imagem da empresa prejuízos imensuráveis. Ela enfatizou a responsabilidade solidária que recai sobre a empresa pelos atos de improbidade ou delitos praticados por seus funcionários. Na opinião da julgadora, a utilização pessoal de e-mail corporativo para fins alheios ao serviço e de consequências nocivas à reputação da empresa é ato grave suficiente para a dispensa por justa causa. No Rio Grande do Sul, um trabalhador foi despedido por justa causa por acessar sites pornográficos durante o expediente. Inconformado com a penalidade imposta, o trabalhador entrou com uma ação para anular a justa causa e reverter sua dispensa para imotivada, o que lhe daria direito às verbas rescisórias. O autor chegou a ganhar em primeiro grau, mas os desembargadores deram provimento ao recurso da empresa e reformaram a sentença. A perícia apontou que o sistema bloqueava sites impróprios, mas alguns passavam pelo filtro. Além disso, também era possível burlar o controle e acessar conteúdos bloqueados. Mesmo assim, foi reprovada a conduta do empregado. É aconselhável que empresas criem um manual do usuário, um código de ética ou um regimento interno, qualquer que seja a denominação, a fim de estabelecer regras, das quais os funcionários deverão ter ciência desde de o momento da contratação. No regulamento é importante constar que haverá punição em caso de não cumprimento. Vale ressaltar que, por primeiro, deve-se advertir o funcionário, dando a ele uma chance de se redimir. Além dos acessos indevidos, o que se escreve na rede também pode trazer más consequências. Como no caso de um funcionário de uma empresa de “call center” que criou um blog onde relatava as perguntas que ele classificava como as mais idiotas feitas pelos clientes mais burros do dia e seus colegas votavam elegendo as melhores. A empresa descobriu e demitiu o funcionário por justa causa. Outra fonte de conflitos entre as empresas e empregados é o acesso às rede sociais do local de trabalho. Estudo da Triad, empresa de consultoria especializada, apontou que entre as mídias sociais a mais acessada nos computadores dos empregados é o Twitter (92,2%), seguido pelo Facebook (59,4%), YouTube (35,6%) e Orkut (35,4%). A mesma empresa de consultoria constatou que 80% dos empregados gastam até 3 horas da jornada de trabalho com atividades estranhas à função. Em alguns casos além da demissão o funcionário pode ainda ser condenado ao pagamento de indenização, quando a má utilização da Internet prejudicar a empresa. Ricardo Trotta é advogado, especialista em relações trabalhistas e sócio-titular de Ricardo Trotta Sociedade de Advogados.

O brasileiro certo no lugar certo

João Guilherme Sabino Ometto
Alimentar nove bilhões de terráqueos até 2050, sem que a demanda crescente torne os preços proibitivos e a produção devaste o ambiente e agrave as mudanças climáticas, é o grande desafio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), organismo responsável pela articulação multilateral dessa questão decisiva para a humanidade. Considerando a dimensão e complexidade da tarefa, foi muito pertinente a eleição do brasileiro José Graziano da Silva, ex-coordenador do “Fome Zero”, para o cargo de diretor-geral da agência, que assume posição cada vez mais destacada no conglomerado da ONU. Trata-se do técnico e executivo certo, pelo currículo e entendimento do problema, cidadão do país síntese da equação da sustentabilidade, no posto mais adequado para promover uma nova política mundial relacionada à segurança alimentar. Muito antes de tomar posse, no início de 2012, Graziano já disse a que veio, diagnosticando com precisão os avanços que a FAO precisa empreender, como a melhoria do apoio aos países da África, ação política para reduzir as assimetrias regionais, maiores esforços para aliviar os impactos provocados por desastres naturais, ampliação de seu papel de consultora em setores como biocombustíveis e trabalho para eliminar barreiras comerciais. Também será importante o atendimento à convocação do G20 no sentido de que a agência contribua, no âmbito das maiores economias do Planeta, para que haja mais transparência no mercado internacional de alimentos. Tal avanço, aliás, é coerente com uma das principais gestões da política externa brasileira nos últimos anos, no tocante ao aumento do poder de decisão daquele grupo, ante o antigo predomínio do G8. Por isso, foi muito estimulante observar a declaração da presidente Dilma Rousseff, de que dará todo apoio a Graziano em sua nova missão. Com certeza, a principal ajuda que o governo brasileiro poderá oferecer ao nosso ilustre cidadão e também à população da Terra é a execução de uma política cada vez mais eficaz para a agropecuária nacional, que tem sido um exemplo de como é possível conciliar a cultura de alimentos com a proteção ambiental. Ademais, nossa produção é imprescindível para reverter os anúncios, da própria FAO, de consecutiva majoração da comida. Nesse contexto, temos posição privilegiada, graças ao avanço de nosso agronegócio, que deverá continuar crescendo em 2011. Em 2010, a sua exportação foi recorde, com vendas de US$ 76,4 bilhões, 18% maiores do que em 2009 (US$ 64,7 bilhões). As importações aumentaram 35,2%, passando de US$ 9,9 bilhões para US$ 13,4 bilhões. Com isso, o comércio exterior setorial teve superávit de R$ 63 bilhões no ano passado, maior do que o do País como um todo (cerca de R$ 20 bilhões). Ou seja, sustentou o saldo positivo da balança comercial brasileira em 2010. É inegável o significado de nosso agronegócio, que representa 27% do PIB do Brasil, 37% dos empregos e 42% das exportações, que conquistou 215 mercados internacionais, que é o terceiro exportador mundial, que obteve 84% de ganho de produtividade na soja desde 1990 e 122% no milho e registrou 950% de crescimento das vendas externas de carne de frango. Além disso, com a produção de biocombustíveis, em especial o etanol, o setor, por meio dos carros flex, retira 80 milhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera. É todo esse suporte e know how, junto com seu notável currículo, que Graziano leva à FAO para enfrentar a luta contra a fome do mundo! João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro (EESC/USP), vice-presidente do Grupo São Martinho, vice-presidente da Fiesp e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade.

5 Pontos-chave para uma alimentação segura

Apresentação Os registros do Ministério da Saúde indicam que a maior parte das doenças transmitidas por alimentos ocorre nas residências e está relacionada ao incorreto manuseio e conservação dos alimentos nesse ambiente. Segundo o conceito do Ministério da Saúde, as Doenças transmitidas por alimentos, mais comumente conhecidas como DTA, são causadas pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminados. Existem mais de 250 tipos de DTAs e a maioria são infecções causadas por bactérias e suas toxinas, vírus e parasitas. Outras doenças são envenenamentos causados por toxinas naturais (ex. cogumelos venenosos, toxinas de algas e peixes) ou por produtos químicos prejudiciais que contaminaram o alimento (ex. chumbo, agrotóxicos). No Brasil, o Ministério da Saúde faz a vigilância epidemiológica de surtos de DTA desde 1999 e há registro médio de 665 surtos por ano, com 13 mil doentes. Surto de DTA é o episódio em que duas ou mais pessoas apresentam doença semelhante após ingerirem mesmos alimentos. O Ministério da Saúde verificou a seguinte distribuição dos surtos de DTA por locais de ocorrência: Local de ocorrência Nº Surto % Residências 2069 45,2 Restaurantes 903 19,7 Escolas 489 10,7 Refeitórios 338 7,4 Festas 263 5,8 Unidades de Saúde 75 1,6 Ambulantes 23 0,5 Outros 417 9,1 Os sintomas mais comuns para as doenças transmitidas por alimentos são falta de apetite, náuseas, vômitos, diarréia, dores abdominais e febre (dependendo do agente etiológico). Podem ocorrer também afecções extra-intestinais em diferentes órgãos e sistemas como no fígado (Hepatite A), terminações nervosas periféricas (Botulismo), As doenças que causam diarréia e vômitos podem levar à desidratação, caso o paciente perca mais fluidos corporais e sais minerais (eletrólitos) do que a quantidade ingerida. A reposição destes fluidos e eletrólitos é extremamente importante para evitar a desidratação. Quando a diarréia é aguda, deve-se ingerir sal de reidratação oral, disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, ou outras soluções de reidratação oral. Os repositores hidroeletrolíticos, indicados para praticantes de atividade física, não compensam corretamente as perdas de fluidos e eletrólitos e não devem ser utilizadas para tratamento de doença diarréica. Segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), cuidados simples em casa podem reverter esse quadro nacional. 1. Mantenha a higiene Os utensílios e as superfícies apresentam resíduos de alimentos e, portanto, são ambientes propícios à proliferação de micróbios. A desinfecção deve ser tão cuidadosa quanto à lavagem das mãos, tendo especial atenção com as condições de higiene e conservação da esponja, pano de pia e pano de prato. Os panos de prato, panos de pia e esponjas devem ser trocados freqüentemente. Preferencialmente, deixe os utensílios lavados secarem naturalmente. As superfícies que entrem em contato com os alimentos, como bancadas de cozinhas e as tábuas de corte, devem ser mantidas em bom estado de conservação, sem rachaduras, trincas e outros defeitos que favoreçam o acúmulo de líquido e sujidades, onde proliferam os micróbios. 2. Separe os alimentos crus dos cozidos As carnes cruas, os frutos do mar crus e os vegetais não lavados apresentam naturalmente micróbios patogênicos, por isso eles necessitam de algum tratamento antes do consumo (cozimento ou lavagem) Todavia, esses alimentos podem ser uma importante fonte de contaminação de outros alimentos prontos para o consumo. Essa contaminação, conhecida como contaminação cruzada, pode ocorrer por meio das mãos dos manipuladores ou pelo uso de utensílios – como facas e tábuas de corte – sujos. Um exemplo desse tipo de contaminação é cortar frango cru e usar a mesma tábua, sem lavar, para cortar a alface. Procedimentos para Seleção, Lavagem e Desinfecção de Frutas, Legumes e Verduras. Na hora da compra, observar as seguintes características para escolher as frutas, legumes e verduras. Se apresentarem as condições indicadas abaixo, não são indicadas para consumo: - partes ou casca ou polpa amolecidas, manchadas, mofadas ou de cor alterada; - folhas, talos ou raízes murchas, mofadas ou deterioradas; - qualquer alteração na cor, na consistência ou no cheiro característico; - excesso ou falta de umidade característica. Selecionar, retirando as folhas, partes e unidades deterioradas. Lavar em água corrente os vegetais folhosos (alface, escarola, rúcula, agrião, etc.), folha a folha, e as frutas e legumes, um a um. Colocar de molho, por dez minutos, em água clorada, utilizando produto adequado para esse fim (água sanitária e outros produtos específicos). Para água sanitária a diluição indicada é de 200ppm (uma colher de sopa para um litro), para os produtos específicos utilizar as recomendações do fabricante constantes do rótulo. Fazer o corte dos alimentos para a montagem dos pratos com as mãos e utensílios bem lavados. Manter sob refrigeração até a hora de servir. 3. Cozinhe muito bem os alimentos Segundo os dados do Ministério da Saúde, os ovos crus e mal cozidos e as carnes vermelhas são responsáveis por 34,5% dos surtos de DTA que ocorrem no Brasil. Para minimizar os riscos associados ao consumo de ovos, a ANVISA obrigou a declaração na rotulagem de ovos das seguintes informações: I - O consumo deste alimento cru ou mal cozido pode causar danos à saúde; II - Manter os ovos preferencialmente refrigerados. Semelhantemente, há ainda orientações obrigatórias a serem declaradas na rotulagem de Carne de aves e seus miúdos crus: Este alimento se manuseado incorretamente e ou consumido cru pode causar danos à saúde. Para sua segurança, siga as instruções abaixo: -Mantenha refrigerado ou congelado. Descongele somente no refrigerador ou no microondas. -Mantenha o produto cru separado dos outros alimentos. Lave com água e sabão as superfícies de trabalho (incluindo as tábuas de corte), utensílios e mãos depois de manusear o produto cru. -Consuma somente após cozido, frito ou assado completamente. Quando os óleos e as gorduras são utilizados por um longo período, são formadas substâncias tóxicas que podem causar mal à saúde. Essas substâncias dão um sabor e cheiro ruins ao alimento e, geralmente, produzem muita fumaça e espuma. 4. Mantenha os alimentos em temperatura segura 5. Use água tratada e ingredientes seguros Verifique se o supermercado ou estabelecimento comercial apresenta adequadas condições de conservação dos alimentos oferecidos. Para escolher esses estabelecimentos, não utilize apenas critérios como a proximidade do domicílio e o preço dos produtos; verifique também a limpeza e organização do ambiente. Monitoramento realizado pelo Inmetro no ano de 2005 indicou que, dos 31 supermercados analisados, 27 foram considerados NÃO CONFORMES, pois apresentavam a temperatura de conservação dos alimentos congelados, acima do valor máximo determinado pela legislação. Embora o setor supermercadista esteja investindo bastante para a reversão desse cenário e a vigilância sanitária atue regularmente nesse segmento – tanto educativa como punitivamente, o papel do consumidor é essencial. Quando for comprar um alimento, verifique se o refrigerador ou congelador do estabelecimento tem um termômetro para controle da temperatura. Os alimentos congelados e refrigerados devem estar armazenados sob temperatura recomendada pelo fabricante. Siga a ordem correta de compra dos alimentos: primeiro, os produtos não-comestíveis, como utensílios e materiais de limpeza; segundo, os alimentos não-perecíveis e depois os perecíveis (carnes e outros produtos conservados sob refrigeração). Organize-se para que o tempo entre a compra dos alimentos perecíveis e seu armazenamento no domicílio não ultrapasse duas horas. A água utilizada para a preparação de alimentos deve ser tratada ou de abastecimento público. Nesse último caso, deve-se estar atento às condições de limpeza da caixa d’água. Fonte: ANVISA

O papel do nutricionista no contexto atual

Beatriz Botequio A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008-2009 mostra que, em 30 anos, o brasileiro diversificou sua alimentação, reduzindo o consumo de gêneros tradicionais como arroz, feijão, batata, pão e açúcar. Até o leite de vaca pasteurizado, que é o produto adquirido em maior quantidade pelas famílias (38 kg por pessoa anualmente), teve seu consumo diminuído em 40%. Estes dados demonstram o quanto a população brasileira vem consumido quantidades insuficientes de nutrientes vitais para a manutenção da saúde, em especial as vitaminas e minerais. O que poucos sabem é que o organismo produz apenas três dos 26 micronutrientes (vitaminas e minerais) necessários para manter a boa saúde. Neste caso, os demais devem ser buscados na natureza, especificamente por meio de uma alimentação que seja a mais variada possível, rica em carnes, verduras, legumes, grãos, frutas, cereais, leites e derivados e sementes. Cada um desses micronutrientes tem um papel importante nas reações químicas e funções metabólicas. Quando o corpo sente falta destas substâncias, o organismo avisa que existe falha no sistema, favorecendo o aparecimento de uma série de complicações a curto e longo prazo: de fadiga até maior suscetibilidade a infecções. Neste contexto, que engloba a saúde atual dos brasileiros, o profissional nutricionista é de fundamental importância para orientar sobre o valor destes nutrientes. Ele pode identificar quais os fatores que comprometem a ingestão adequada destes micronutrientes, que podem ser muitos, como estilo de vida, aumento nas demandas nutricionais, restrições alimentares, situações patológicas, desinformações sobre hábitos saudáveis e baixo consumo ou exclusão de alimentos-fonte. Após uma análise precisa das necessidades nutricionais, o profisisonal estabelece um programa alimentar adequado a cada individuo e se for necessário, realiza a suplementação de vitaminas e minerais como uma terapêutica complementar. A suplementação dos micronutrientes se faz cada vez mais necessária, pois estes atuam como reguladores do metabolismo, já que participam de muitas funções vitais que vão além de prevenção de doenças. Eles auxiliam na absorção de outros nutrientes, fortalecem o sistema imunológico, retardam o envelhecimento, e protegem contra radicais livres, atuando na melhora do funcionamento do organismo, mesmo quando saudável. O guia alimentar da população brasileira orienta o consumo de 400 g de frutas, verduras e legumes ao dia. Como os dados da POF revelam que o consumo está três vezes abaixo da indicação, aumenta a preocupação com a deficiência destes micronutrientes pelos nutricionistas. A baixa ingestão destes alimentos se deve a falta de tempo para compra, as extenuantes jornadas de trabalho e alto consumo de alimentos tipo fast-food. Portanto, é de responsabilidade do nutricionista estabelecer estratégias para prevenção de deficiências nutricionais, tais como: educação alimentar com promoção de dieta balanceada e suplementação com polivitamínicos e minerais. Beatriz Botequio é nutricionista da Equilibrium Consultoria.

Repasse para Vigilância Sanitária ganha nova regra

6 de outubro de 2011 Durante a última reunião ordinária da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), realizada em 29 de setembro de 2011, foi acordado o entendimento dos três gestores do SUS quanto à alteração na regra de repasse de recursos da Anvisa para as Vigilâncias Sanitárias (Visas) estaduais, municipais e do Distrito Federal. A decisão vai permitir que os valores repassados no ano anterior, baseados na estimativa populacional 2009, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sejam mantidos para aqueles entes federados que apresentaram no Censo Demográfico 2010, número de habitantes inferior à estimativa 2009. Como o cálculo de repasse do financiamento federal às Visas é per capita, ou seja, é baseada no número de habitantes, a pactuação é importante porque evita que os recursos destinados às Vigilâncias Sanitárias sejam reduzidos nos anos em que o Censo Demográfico aponte para um número populacional inferior ao estimado pelo próprio IBGE no ano anterior. Além disso, a CIT deve realizar uma reunião extraordinária prevista para o próximo dia 11 de outubro para debater as diretrizes da Renases (Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde) e as normas e fluxos para o Contrato Organizativo de Ação Pública (COAP). Carin Leinig – Imprensa/Anvisa

Três perguntas para investir: quanto, qual o prazo e para que?

Mauro Calil
Muito frequentemente recebo a seguinte pergunta: “Tenho X mil reais para investir. Qual a melhor aplicação financeira?”. Uma variante deste questionamento seria: “Posso destinar Y reais todo mês para investimentos. O que devo fazer?” Estas perguntas remontam de uma época de inflação alta, de 20% a 30% ou mais ao mês. Perguntávamos exatamente isso ao gerente do banco de nosso relacionamento, que puxava no sistema quatro ou cinco alternativas. Via de regra, eram investimentos de renda fixa. Colocávamos todos os recursos em um único produto financeiro, que retirávamos ao longo do mês para pagar as contas ou ajudar na troca do carro, por exemplo. Infelizmente, o mundo financeiro já não é tão simples e, felizmente, já não temos índices inflacionários tão elevados. De qualquer forma, a cultura de colocar todos os ovos em uma única cesta, que foi forjada por anos de inflação alta e falta de alternativas, permanece até hoje. Para conseguirmos uma melhor alocação de recursos, precisamos responder três perguntas: Qual o montante a ser investido?; Qual o prazo deste investimento?; e Qual o objetivo de consumo final para estes recursos? A primeira pergunta é a mais fácil de ser respondida, afinal normalmente as pessoas sabem quanto possuem disponível para investimento. O importante aqui é perceber que praticamente todos têm como premissa que investir R$ 100, R$ 10 mil ou R$ 1 milhão é diferente. Porém, isso não é necessariamente verdade nos dias de hoje. Muitas aplicações financeiras em renda fixa ou renda variável têm exatamente o mesmo custo, mesma rentabilidade, segurança e liquidez para qualquer quantia. Iniciativas novas como o CDB direto começam a surgir e mesmo o popular Tesouro Direto, já disponível há muito tempo, são alternativas na renda fixa para quantias diversas. Na renda variável, a democracia impera há muito tempo, afinal o preço de mercado de uma ação é exatamente o mesmo para quem ganha salário mínimo ou para milionários. Se o custo de aquisição se torna caro pela corretagem, DOC ou custódia, os fundos se mostram como alternativas muito baratas. Quando faço a segunda pergunta ao interlocutor, quase que invariavelmente escuto: “Minha visão é de longo prazo, porém quero poder resgatar caso venha a necessitar do dinheiro”. Ora, que visão de longo prazo é essa? Qual a premissa para a expressão longo prazo? Qual a prioridade: ter o dinheiro na mão assim que quiser (liquidez) ou privilegiar a rentabilidade maior? Nesta confusão de prazos, será muito difícil tomar a decisão mais adequada. Devemos ter dinheiro disponível para todos os períodos. O curtíssimo prazo, até seis meses, é voltado para pagamento de nossas contas, prazeres frugais, enfim, o dia a dia. O curto prazo, até dois anos, pode ser exemplificado com quando fazemos cursos de especialização, viagens longas com a família, etc. O médio prazo, de dois a cinco anos, representa quando planejamos trocar de carro, reformar a casa etc. E prazos longos, acima de cinco anos, devem ter como objetivo pagar a faculdade dos filhos, comprar uma casa de veraneio, ter uma segunda lua de mel, ter rendimentos descentes na aposentadoria etc. Perceba que prazos e prioridades andarão juntos. É importante colocar atenção a todas as prioridades de tal forma que não se transformem em urgências. Para ajudar nesta tarefa, é importante responder a terceira pergunta: “Qual o objetivo de consumo final para estes recursos?”. Achar esta resposta tem-se mostrado algo árduo para os investidores. Quando conseguem responder, ouvimos: “Ganhar dinheiro.” Em minha opinião, o dinheiro é um meio e não um fim. Portanto, um dia você irá querer trocar o dinheiro investido mais seus frutos por algo. Se você não tem e menor idéia do destino que será dado àqueles recursos, provavelmente se contentará com uma rentabilidade menor desde que segura e líquida. Prazo e destino dos investimentos andam de mãos dadas e são decisivos para elencar as prioridades do investidor, fazendo com que ele assuma premissas mais acertadas no momento de escolher quais produtos financeiros farão parte de seu portfólio. Já não existe mais uma resposta única. Precisamos manter em nossos ativos Renda Fixa, Renda Variável e Imóveis. Dentro dos grandes grupos existem muitas alternativas. Responder às três perguntas auxiliará a escolher o mais adequado a realidade de cada um. Mauro Calil é palestrante, educador financeiro e autor do livro “A Receita do Bolo” – www.calilecalil.com.br

Você realmente sabe quem circula pela sua empresa?

Gustavo Gassmann
Muito se fala de segurança na rede. É claro que passamos por um momento de fragilidade, onde as empresas precisam se estruturar de forma a manter o controle de suas informações e o valor da marca. Mas, outro fator, que anda esquecido pelas empresas, ainda causa danos e grandes prejuízos, culminando, muitas vezes, em um descuido irreparável. É o caso da falta de atenção ao controle de acesso. Isso mesmo, controle de acesso, que deveria identificar as pessoas que entram e saem de um edifício. A clonagem e a falsificação de soluções usadas para entrada inapropriada em prédios podem ocorrer facilmente quando não existe a manutenção desses sistemas de controle. A maioria das empresas já aderiu a cartões e leitores com tecnologia de proximidade que surgiu na década de 90 e permite identificar funcionários e visitantes. Sim, este é o começo. Mas há quanto tempo sua empresa permanece com a mesma tecnologia utilizada nos sistemas que controlam o acesso? Ela faz revisões periódicas destes sistemas? Nem todo mundo sabe, mas para garantir a total segurança de uma instalação, é necessária uma revisão anual de todo o sistema de controle de acesso e suas políticas associadas. Este é o primeiro passo para que a sua empresa não corra perigos, mas listo outras dicas, abaixo: Ferramentas: Os cuidados começam já na instalação do sistema, que deve garantir a eficácia em identificar usuários. Acertar na escolha dos cartões e leitores e suas respectivas tecnologias já garante um provável sucesso. Os cartões inteligentes, sem contato, estão se tornando rapidamente a melhor escolha de tecnologia para aplicações de controle de acesso. Isto deve-se a três principais razões: segurança, conveniência e interoperabilidade. Estes cartões, que possuem o mais alto nível de segurança, usam autenticação mútua e empregam mecanismos de proteção de criptografia com chaves secretas. Eles também podem utilizar métodos especiais para proteção contra ataques externos. Muito usado, mas, pouco recomendado, são os cartões com a tarja magnética ou com código de barras, que tem a menor segurança de seus detalhes técnicos. Estas tecnologias, normalmente, utilizam nenhuma ou pouca proteção. Os cartões de proximidade, apesar de mais seguros que a tarja magnética ou códigos de barras, também não são tão seguros quanto cartões inteligentes sem contato. Além disso, alguns dispositivos podem codificar cartões com esta tecnologia e comprometer a segurança da ferramenta. Chave de segurança: Princípio básico, ela tem que ser única. O importante é escolher sempre um fabricante que permite a utilização de chave de autenticação criptográfica própria, o que significa que cada cartão usa uma chave diferente que é criptograficamente derivada de uma chave mestra. Não opte por um fabricante que armazena a mesma chave em todas as suas credenciais. Nunca utilize um número de série do cartão como número de identificação, já que este número é aberto e não apresenta proteção e nem chaves. É interessante também sempre utilizar parafusos de segurança que requerem ferramentas especiais para remover um leitor e outros componentes de segurança. Se não for utilizada a ferramenta correta na hora de remover o leitor, será impossível não causar danos aos parafusos. Estes danos podem ser notados durate o exame físico do aparelho, alertando a tentativa de uma entrada não autorizada ou de fraude. Autenticação múltipla: Para garantir um nível de segurança maior, a organização deve considerar incluir mais de um fator de autenticação. Geralmente composto por algo que você tem (por exemplo, um cartão), algo que você sabe (por exemplo, uma senha), e algo da sua identidade (por exemplo, uma biometria). A autenticação múltipla aumenta a probabilidade de que a pessoa que apresenta o cartão a um leitor é a mesma pessoa a quem foi inicialmente emitido o cartão. O ideal seria o uso desses três fatores, porém a adição de mais de um deles já pode ter um resultado significativo. Em termo de custo, a inclusão de senha é relativamente o mais barato, uma vez que pode ser conseguido com o uso de leitores com teclado, já que requer além do cartão, um código que permite a entrada. Este aparelho minimiza a probabilidade de que um cartão perdido possa ser utilizado. Ele também minimiza a ameaça de clonagem de cartões. Idealmente, a senha deve ser alterada periodicamente. Já os leitores biométricos, que permitem um nível de autenticação mais elevado, podem ser usados em ambientes onde é necessário um nível ainda maior de segurança - como em um laboratório, ambiente de pesquisa corporativa ou cofres. Transição: A migração para uma tecnologia mais avançada, e que garanta mais proteção, deve ser a principal meta das empresas. Uma vez que há uma grande variedade de tecnologias de leitores oferecidos pelos fabricantes de hoje, é importante certificar-se que a tecnologia adquirida coincida com o nível de segurança desejado. Reconhecendo que existem muitas tecnologias já “ultrapassadas” ainda em uso, que oferecem um risco maior de falsificação, é importante escolher um fabricante que tem no seu portfólio produtos e estratégias de migração, incluindo a possibilidade de que ambas tecnologias (antiga e nova) coexistam no mesmo cartão ou leitor. Desta forma, a transição para novas tecnologias pode ocorrer de forma gradativa, sem pesar no orçamento da corporação. A combinação desses produtos, muitas vezes, pode ser necessária para efetivamente migrar, num período mais curto, de maneira mais conveniente e rentável. Apesar da complexidade do assunto e de suas particularidades, alguns cuidados facilitam a manutenção e operabilidade dos sistemas de acesso. Certificar-se que os cartões perdidos são anulados imediatamente; investigar cartões que apresentam mensagens que negam o acesso; assegurar com revendedores que apenas os cartões requeridos pela empresa são válidos e que não existam cartões de reposição pré-validados ou a pronto entrega, são alguns passos que ajudam a ter o controle total de acesso. Seguindo essas práticas, tendo como prioridade sempre a revisão dos sistemas, a fim de acompanhar o operacional que garante o resultado eficaz da ferramenta, com atenção para os diferentes níveis de segurança, o resultado será um sistema que melhor cumpre sua função pretendida, com menor possibilidade de ser comprometida. Gustavo Gassmann é Diretor de Vendas do Brasil, da HID Global, especializada em soluções de identificação segura. www.hidglobal.com.

Consumidores no Poder

Carlos Felipe Zirbes
Smartphones (telefones celulares inteligentes, com acesso à Internet e funcionalidades semelhantes às de um computador) já constituem 55% das vendas de novos aparelhos nos Estados Unidos e 38% da base instalada. No Brasil os celulares tradicionais ainda dominam, constituindo cerca de 90% do total. Isto deverá mudar rapidamente, porém, uma vez que a venda de telefones inteligentes vêm crescendo a uma taxa muito superior a dos telefones tradicionais. Para o varejo isto significa que 2012 será o ano em que o poder e a informação finalmente e definitivamente sairão de suas mãos e migrarão para as dos consumidores. Isto mudará tudo e exigirá que os varejistas evoluam sua maneira de vender e de se relacionar com seus clientes. Por muitos anos as redes de varejo, especialmente as líderes de mercado, usufruíram da liberdade e do poder de determinar o que vender, para quem e por quanto. Os consumidores, por sua vez, não possuíam nem poder de escolha nem fácil acesso a informação para perceberem que poderiam fazer um melhor negócio em outro lugar. Mas agora eles têm. Tablets e smartphones estão tornando a Internet onipresente. É claro, a Internet já existe há um bom tempo, porém apenas agora ela passa a estar em todos os lugares, inclusive dentro das lojas. Estes aparelhos funcionam como janelas para a concorrência, bem no meio dos corredores. A maneira como os varejistas optarem por lidar com esta, porque não dizer, revolução, é que definirá quão bem se sairão no longo prazo. Uma opção inadvertidamente sendo escolhida por muitos varejistas é simplesmente ignorar esta tendência. Mas esta não é uma alternativa sustentável. O que os varejistas precisam fazer é abraçar a nova tecnologia e usá-la a seu favor. Muitos já o estão fazendo e colhendo ótimos resultados. Afinal, se de qualquer maneira os consumidores irão buscar informação na Internet, o melhor é ser o provedor desta informação e tirar vantagem disto, seja aprendendo sobre o que eles procuram, o quanto querem gastar, o quão suscetíveis são a promoções e anúncios e assim por diante. O caminho para se conseguir isto é esquecer os velhos hábitos e partir para uma abordagem de transparência, maior comodidade e prestação de serviço aos clientes. Isto passa por alterações na comunicação com o consumidor nas lojas, no site de comércio eletrônico e nos aplicativos para celular. Nas lojas é preciso tornar a experiência de compra o mais prazerosa possível através de um ambiente e atendimento impecáveis. Os colaboradores devem estar sempre prontos e bem dispostos para atender aos clientes, não importando sua função, sejam auxiliares de limpeza ou vendedores. Estes últimos, entretanto, naturalmente possuem maior contato com os clientes e por isto devem estar munidos de ferramentas que os auxiliem a executar este trabalho com excelência, tais como tablets com aplicações de venda assistida. Estas ferramentas lhes dão informações detalhadas sobre os produtos, indicam artigos complementares, apontam promoções disponíveis e muito mais, permitindo que os vendedores auxiliem e guiem os consumidores em seu processo de compra de maneira bem mais eficiente e satisfatória, tanto para o cliente como para o varejista. No site de comércio eletrônico deve-se incentivar os comentários dos clientes e publicá-los, mesmo (e talvez até principalmente) os negativos. Isto transmite aos visitantes uma imagem de transparência e honestidade, fundamentais nas transações online. Quanto mais informações sobre os produtos e sobre o próprio processo de compra estiverem disponíveis melhor, pois assim os clientes sentem-se mais seguros e mais propensos a efetivar suas compras na Internet. Disponibilizar chats (conversas de texto) para esclarecimento de dúvidas e links click-to-call (conversas de voz) também contribuem muito para tangibilizar o meio virtual. Por fim, os aplicativos móveis. Estes têm a função de aproximar o mundo online, rico em informações, do mundo real, tradicionalmente mais pobre neste aspecto. Além disto, possuem a fundamental função de permitir que o cliente carregue a loja no bolso, inclusive quando dentro dos estabelecimentos da concorrência. Aplicativos móveis também dão a oportunidade de interagir com os consumidores de novas maneiras, fazendo uso do GPS (sensor de localização), realidade aumentada, mensagens de texto, jogos e diversas outras iniciativas de mobile marketing que contribuem para fortalecimento da marca. Todas estas ações podem e devem ser implantadas no futuro próximo, com muito planejamento e com um conjunto de indicadores que possibilitem a medição de seu impacto, consequente afinação de abordagem e novo experimento, de maneira recorrente e contínua. Uma coisa é certa: a nova geração de consumidores, inquieta e cheia de informações, não irá esperar e migrará para o varejista que melhor e mais rápido souber responder às suas demandas. É melhor estar entre os primeiros a fazê-lo. Carlos Felipe Zirbes é executivo de vendas da Tlantic, empresa especializada em TI para o varejo. Mais informações em www.tlantic.com.

Congrepan terá padaria gigante

A principal atração do Congrepan – XXIX Congresso Brasileiro da Indústria de Panificação e Confeitaria será uma padaria gigante de 900 m², com mais de 16 mil toneladas em equipamentos, montada em cinco dias e em pleno funcionamento. O congresso acontecerá entre os dias 25 a 28 de outubro, em Foz do Iguaçu, no Paraná. O desafio deve colocar o Brasil no Guinness com a maior padaria do mundo já montada em um evento. O presidente do Congrepan, Joaquim Cancela Gonçalves, convidou os representantes do Guinness para aferirem mais este feito da panificação. O setor já está no livro dos recordes com o maior pão do mundo, que pesou 1.571,25 kg e foi realizado em 2008 pelo SIPCEP (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria no Estado do Paraná), em parceria com empresas e apoio da ABIP (Associação Brasileira da Indústria de Panificação). O evento de grande repercussão tem como convidado confirmado o governador do Paraná, Beto Richa. A “Padaria Conceito”, como está sendo denominada, tem como objetivo mostrar o funcionamento de um empreendimento moderno, que segue as novas tendências, tecnologias e novidades de mercado com o objetivo de agregar valor aos produtos e fidelizar os clientes. “Mais uma vez queremos colocar o Brasil em evidência para o mundo. Não só a padaria gigante, mas também todo o CONGREPAN, vão surpreender os profissionais do setor. Se atingirmos nosso ideal, vamos deixar marcado para sempre este congresso no livro dos recordes”, afirma Gonçalves. Os interessados em participar do evento podem entrar em contato pelo fone 41-3233-7643 ou pelo e-mail congrepan2011@ferrarieventos.com.br. Texto: Eugenio Torres 22/09/11

Mercado de Food Service cresceu 16,5%

O mercado de Food Service ou Alimentação Preparada Fora do Lar alcançou, em 2010, o melhor desempenho dos últimos dez anos no Brasil. Conforme a estimativa da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) apresentada durante o 4º Congresso Internacional de Food Service, em São Paulo, o crescimento foi de 16,5% e atingiu R$ 185 bilhões de faturamento. O cenário favorável também garantiu aumento de 4,7% no número de contratações formais do setor, em comparação a 2009, com 73 mil novos empregados. Para o presidente da Abia, Edmundo Klotz, a perspectiva para 2011 é que o mercado de Food Service feche o ano mantendo alta performance. “O desempenho do setor permanece consistente e os resultados alcançados até o momento nos levam a acreditar num crescimento entre 15% e 16%, o que resultaria em um aumento de cerca de 6% na abertura de novos postos de trabalho”, estima Klotz. As mudanças nos hábitos alimentares, causadas, principalmente, pela forte presença das mulheres e jovens no mercado de trabalho e pela expansão da classe C foram o indutor do avanço do Food Service no Brasil, de acordo com Jean Louis Gallego, coordenador do Departamento de Food Service da Abia. “Atualmente, mais de 30% das refeições dos brasileiros são feitas fora do lar. O aumento da renda e da geração de empregos reduziu o tempo de permanência das pessoas em suas casas e aumentou a necessidade e o interesse pela alimentação nos mais de 1,4 milhão de estabelecimentos espalhados pelo País”, explica Gallego. Entre 2001 e 2010, o Food Service expandiu 235,1%, movimentando cerca de R$ 1.093 trilhão. Essa evolução do setor impactou positivamente a indústria fabricante de alimentos, que nos últimos 10 anos incrementou seu faturamento em R$ 532,9 bilhões em vendas de ingredientes ao mercado de Alimentação Preparada Fora do Lar. Somente no ano passado, a comercialização de insumos para padarias, restaurantes e outros estabelecimentos, renderam às fabricantes de produtos alimentícios R$ 75,1 bilhões. Texto: Dorothy Requião Camacam 20/09/11

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Anvisa alerta sobre risco de achocolatado

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitou nesta sexta-feira (30/9) que a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo realize inspeção imediata na fábrica do achocolatado da marca Toddynho, em Guarulhos (SP). O pedido da Agência é resultado da ocorrência de casos de queimaduras na boca de quatro crianças que ingeriram o referido alimento, em três municípios do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo. De acordo com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul, que investiga os casos, os primeiros resultados de análise laboratorial apontam um pH de 13,3, considerado muito alcalino para alimentos. Os desvios de qualidade no composto alimentar sabor chocolate fortificado com vitaminas da marca Toddynho foram encontrados em dois lotes: L4 32 06:08 e L4 32 06:09, com data de validade até 19/02/2012. Como forma de prevenção, a vigilância sanitária gaúcha realizou a interdição cautelar de todos os lotes do alimento no estado. A empresa PesiCO, responsável pela produção do Toddynho, informou que houve uma falha durante a fabricação. Por precaução, consideram-se suspeitos os lotes com numeração de L4 32 05:30 a L4 32 06:30, com data de vencimento em 19/02/2012. A empresa declarou que esses lotes foram distribuídos exclusivamente para o Rio Grande do Sul. Além disso, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul emitiu um alerta epidemiológico para todas as Coordenadorias Regionais de Saúde. O Centro de Informações Toxicológicas do estado também foi notificado do caso. Recomendação ao consumidor Quem possuir em casa os lotes do produto considerados suspeitos não devem consumir o alimento. Caso seja notada qualquer alteração nos aspectos do produto, a Vigilância Sanitária local deve ser informada. Os consumidores do Rio Grande do Sul podem contatar a vigilância sanitária pelo número 150. A Anvisa também dispõe de uma Central de Atendimento: 0800 642 9782. Já os consumidores que desejarem entrar em contato com a empresa podem ligar para o 0800 703 2222. Imprensa / Anvisa

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Quanto vale o diálogo para sua empresa?

Marcelo Chianello
A falta de entendimento na sociedade deve-se, muitas vezes, à ausência de diálogo existente entre as pessoas. Outro empecilho comum para o bom relacionamento é a falta de habilidade com as palavras: muitos até reservam tempo para conversar, mas não conseguem se expressar da maneira correta.} Para entender porque isso acontece e para tentar mudar esse quadro, vamos entender o significado da palavra e sua origem. A palavra diálogo surgiu como gênero na Grécia antiga e significa “através de (dia) significado (logos)”. De acordo com o filósofo e linguista russo Mikhail Bakhtin, o diálogo se origina do método de Sócrates, um dos maiores filósofos da história grega. Quando se via em confronto com adversários, Sócrates conversava e multiplicava perguntas, até o opositor cair em contradição e perceber que o filósofo estava com a razão. Além disso, ele fazia uso do diálogo para instruir discípulos, explicando conceitos e definições de forma pedagógica. Mesmo quando as ideias não estavam bem formuladas, Sócrates auxiliava as pessoas a se expressarem e conseguia chegar à clareza através da conversa. Dessa maneira, o filósofo acreditava que a conversa era uma espécie de alicerce para a sociedade. Desde então, o diálogo esteve presente em toda a sociedade, independente da cultura ou língua. Hoje em dia, as autoras americanas Linda Ellinor e Glenna Gerard desenvolvem diversos trabalhos relacionados ao diálogo dentro das organizações. O livro “Diálogo: Redescobrindo o Poder Transformador da Conversa”, publicado pelas autoras, defende a ideia que “o diálogo é um meio para que comecemos a conhecer todas as muitas maneiras pelas quais nos interligamos e integramos uma única realidade compartilhada”. A ideia é entender mudanças e extrair significado daquilo que pode parecer uma desordem. Depois de tantos conceitos sobre a importância e função do diálogo, por que temos tanta dificuldade de se expressar e sermos compreendidos? Isso se deve especialmente ao conhecimento limitado do vocabulário e do significado das palavras. Há também os que preferem deixar a conversa de lado, seja por comodismo ou até desmotivação em dialogar. Caso essas situações persistam, as pessoas podem acabar se prejudicando em diversos momentos da vida. No âmbito profissional, há quem ainda defenda a ideia de que a comunicação deve ser exercida de maneira impecável pelos profissionais da área de humanas, já que lidam diretamente com as palavras. No entanto, para se construir uma boa carreira, sabe-se que o diálogo é fundamental para todas as pessoas, em qualquer segmento em que atuam. Um exemplo prático de uma boa comunicação pode ser avaliado já na entrevista de emprego. As pessoas que se expressam da melhor maneira levam vantagens na hora da seleção. O conhecimento de um vocabulário vasto e o hábito de leitura podem fazer com que o indivíduo consiga se expressar melhor e tenha um bom diálogo com outra pessoa. Porém, é preciso saber utilizar esse conhecimento com sabedoria e ética. Conversas esclarecedoras podem tornar o ambiente de trabalho mais leve e os colaboradores da organização mais motivados e confiantes. Para melhorar a convivência em ambientes de trabalho, cabe às empresas desenvolverem o hábito de dialogar para conhecer seus colaboradores, ouvir possíveis ideias e poder solucionar problemas. Os funcionários, por sua vez, também podem procurar o diálogo para criar uma relação de respeito e sinceridade dentro de uma corporação, para assim, tentar resolver problemas internos de relacionamento. Aos poucos, a equipe irá notar que “perder” uns minutinhos do dia com uma boa conversa pode ser um ganho imprescindível para o seu trabalho e bem-estar. *Marcelo Chianello é diretor presidente da ello Atelier do Comportamento (elloweb.com.br)
Fonte: Padaria Moderna